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Estamos aguardando arcabouço fiscal, Haddad pode esperar lealdade e parceria, diz Mercadante

‘Não nos peçam para deixar de dizer o que pensamos e ajudar o governo a acertar’, afirmou o presidente do BNDES

Por Daniela Amorim (Broadcast),Gabriel Vasconcelos (Broadcast) e Vinicius Neder
Atualização:

RIO - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta segunda-feira, 20, que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pode esperar dele “total lealdade e parceria”, após comentar, em discurso, que o Ministério da Fazenda está para anunciar o novo arcabouço de regras fiscais, mas defendeu a participação da instituição de fomento do debate sobre o tema. “Estamos aguardando novo arcabouço (fiscal). O (ministro Fernando) Haddad pode esperar de mim total lealdade e parceria”, afirmou Mercadante, ao abrir um seminário sobre temas econômicos anunciado por ele ainda no início do ano, depois de dizer que o BNDES não pretende “substituir” ministérios, mas ter papel complementar.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, durante seminário internacional realizado na sede da entidade nesta segunda-feira, 20 Foto: Pedro Kirilos/Estadão

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“Agora, não nos peçam para deixar de dizer o que pensamos e ajudar o governo a acertar”, completou Mercadante, em discurso que reafirmou a expansão do BNDES. “Aquele BNDES acanhado acabou”, por isso, disse Mercadante, “não adianta tentar inibir o BNDES”, porque “não haverá censura”.

Mercadante defendeu a coordenação entre as políticas fiscal e monetária, como “indispensável”, mas voltou ressaltar a importância de mudar a TLP, taxa de juros que baliza os financiamentos do BNDES. O presidente do banco reconheceu que os “subsídios” fiscais embutidos nos financiamentos do banco podem ter sido “superiores ao necessário no passado recente”, mas voltou a repetir, como disse semana passada, que nos últimos anos o BNDES devolveu ao Tesouro Nacional cerca de R$ 250 bilhões a mais do que recebeu.

Mercadante também defendeu a ação da política econômica para lidar com a desaceleração da economia. “A perspectiva para este ano é de crescimento muito baixo, abaixo de 1%. Precisamos reagir, não podemos aceitar que continue assim”, disse o presidente do BNDES.

Nesse contexto, Mercadante defendeu a “prorrogação” do FGI Peac, principal medida adotada pelo banco de fomento para mitigar os efeitos da crise causada pela covid-19. Segundo o presidente do BNDES, há um quadro de escassez de crédito na economia, e o programa, que atua por meio da concessão de garantias para empréstimos de bancos comerciais, é importante para enfrentar o problema.

No início do discurso, ao saudar o vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, presente na abertura do seminário, disse que o ex-governador fez uma “aliança improvável, complementar e imprescindível” para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), “fundamental para a nossa vitória”.

Anunciado no início do ano por Mercadante, o seminário pretende debater, entre outros temas econômicos, as regras fiscais usadas por diferentes países mundo afora. O evento marca também criação da Comissão de Estudos Estratégicos, coordenada pelos economistas André Lara Resende e José Roberto Afonso. O seminário é promovido pelo BNDES em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

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