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Banco Central diz que monitora atentamente impacto do coronavírus na economia brasileira

BC disse que vai avaliar nas próximas duas semanas os efeitos do surto na trajetória da inflação para decidir os rumos da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 4,25% ao ano

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Por Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - Após mais um dia de reações do mercado e de governos diante da propagação do coronavírus e seus possíveis impactos para a economia global, o Banco Central divulgou uma nota nesta terça, 3, enfatizando que “monitora atentamente os impactos do surto de coronavírus nas condições financeiras e na economia brasileira”. 

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De acordo com a autoridade monetária, “à luz dos eventos recentes, o impacto sobre a economia brasileira proveniente da desaceleração global tende a dominar uma eventual deterioração nos preços de ativos financeiros”.

O BC avisou, no entanto, que vai avaliar nas próximas duas semanas os efeitos do surto na trajetória da inflação para decidir os rumos da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 4,25% ao ano. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ocorrerá nos dias 17 e 18 de março.

Na nota, o BC ainda citou o 15º parágrafo da última ata do Copom (de fevereiro), que dizia que: “o eventual prolongamento ou intensificação do surto implicaria em uma desaceleração adicional do crescimento global, com impactos sobre os preços das commodities e de importantes ativos financeiros. O Copom concluiu que a consequência desses efeitos para a condução da política monetária dependerá da magnitude relativa da desaceleração da economia global versus a reação dos ativos financeiros.”

Na última decisão do Copom, quando cortou a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, o colegiado informou “ver como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”.

Entretanto, com o aprofundamento das incertezas em torno dos efeitos do surto de coronavírus nas últimas semanas, a maior parte do mercado passou a apostar em um novo corte na Selic neste mês.

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou nesta terça-feira em medida extraordinária, um corte nos juros dos fed funds em 50 pontos-base, para a faixa entre 1,0% e 1,25%. A instituição disse em breve comunicado que os fundamentos para a economia dos Estados Unidos "continuam fortes", mas que o coronavírus representa "riscos à atividade econômica".

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De 27 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast após a decisão de hoje do FED, apenas nove projetam manutenção da taxa Selic na atual mínima histórica, de 4,25%. Entre as que esperam novos estímulos monetários, 15 acreditam em cortes de 0,25 ponto porcentual e outras três, de 0,50 ponto. Após o Copom de fevereiro, 39 das 41 casas ouvidas previam permanência da Selic.

Sede do Banco Central em Brasília (DF). Foto: André Duzek/Estadão