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Banco Central mantém juro básico em 13,75% pela segunda vez consecutiva

Copom havia indicado estabilidade da taxa por ‘período suficientemente prolongado’ após ter decretado o fim do ciclo de alta no último encontro, em setembro

Foto do author Thaís Barcellos
Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Thaís Barcellos (Broadcast) e Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manteve a Selic (taxa básica de juros) em 13,75% ao ano pela segunda vez seguida, conforme era esperado. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira, 26.

Mesmo com a estabilidade, a taxa está no mesmo patamar que vigorou entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017, depois do mais longo ciclo de alta de juros da história do Copom, iniciado em março de 2021. Nesse processo de aperto monetário, foram 12 altas consecutivas, com um aumento acumulado de 11,75 pontos porcentuais, o maior choque de juros desde 1999.

Banco Central, em Brasília; Copom já havia indicado a estabilidade da Selic, mas deixou a porta aberta, caso precise voltar a subir os juros Foto: Dida Sampaio/Estadão

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A decisão de manutenção da Selic em 13,75% era uma expectativa unânime entre as 59 instituições financeiras consultadas pelo Estadão/Broadcast. Isso porque o Copom indicou a estabilidade da taxa por “período suficientemente prolongado” após ter decretado o fim do ciclo de alta no encontro de setembro, com a decisão por 7 votos a 2 de manter os juros básicos em 13,75%. O comitê alertou, porém, que pode retomar o aperto monetário caso a desinflação não ocorra como o planejado.

Desde então, os dados de inflação continuaram a mostrar moderação, assim como as expectativas de 2022 e 2023, embora não o suficiente para dar a “batalha” contra a inflação como ganha. A atividade, por sua vez, deu sinais de enfraquecimento, mas também marginais, enquanto o cenário internacional e o fiscal seguiram nebulosos.

O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.

Por outro lado, aplicações em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures (títulos de empresas), passam a render mais.

Ao manter a Selic, o BC repetiu a disposição em estacionar a taxa básica de juros no atual patamar por um tempo prolongado. “O Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, repetiu o colegiado no comunicado da decisão.

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Desde a reunião anterior, nos dias 20 e 21 de setembro, os membros do Copom - e, em especial, o presidente do BC, Roberto Campos Neto - enfatizaram que não enxergavam um início de redução na Selic antes de junho de 2023. O comunicado de hoje ainda manteve o alerta de que o BC pode, inclusive, voltar a subir os juros se a inflação não arrefecer.

“O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, repetiu o comunicado.

Juro real

Mesmo com a estabilidade da taxa Selic, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 7,80% ao ano.

Em segundo lugar na lista que considera economias mais relevantes, aparece o México (5,37%), seguido da Colômbia (5,16%). A média dos 40 países avaliados é de -2,11%.

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