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China deixa de divulgar dados sobre desemprego de jovens após recordes na taxa

Pesquisa de junho apontou um recorde de 21,3% de desemprego de jovens com idades entre 16 e 24 anos

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Por Redação

O governo da China não forneceu uma atualização sobre um aumento politicamente sensível no desemprego entre os jovens, enquanto dados oficiais desta terça-feira, 15, mostraram que a queda econômica se aprofundou em julho.

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Enquanto isso, o banco central cortou inesperadamente a taxa de juros chave, sinalizando uma crescente urgência oficial em fortalecer o crescimento econômico que caiu acentuadamente nos três meses encerrados em junho.

O desemprego entre os jovens é um tema sensível após uma pesquisa em junho ter constatado que um recorde de 21,3% dos potenciais trabalhadores urbanos com idades entre 16 e 24 anos não conseguiram emprego depois da retomada econômica após o fim das restrições contra a pandemia de covid.

Homens reunidos em feira de empregos em Beijing em agosto de 2023  Foto: PEDRO PARDO / AFP

A publicação do desemprego por faixa etária está suspensa enquanto o Escritório Nacional de Estatísticas considera como medir os dados, de acordo com um porta-voz do órgão, Fu Linghui. Ele disse que uma pesquisa encontrou um desemprego geral entre os trabalhadores urbanos de 5,3%, um aumento de 0,1 ponto percentual desde junho. “A situação do emprego é geralmente estável”, disse Fu em uma entrevista coletiva.

O crescimento dos gastos do consumidor desacelerou para 2,5% em relação ao ano anterior em julho, em comparação com os 3,1% do mês anterior, segundo Fu. O crescimento na produção das fábricas diminuiu para 3,7% ante os 4,4%, de acordo com os dados desta terça-feira, à medida que a demanda por exportações caiu após os bancos centrais dos EUA e da Europa elevarem as taxas de juros para conter a inflação.

O investimento em fábricas, imóveis e outros ativos fixos aumentou 3,8%, abaixo dos 3,4% de junho. “A decisão de interromper as estatísticas de desemprego entre os jovens logo após atingirem um recorde não inspira confiança”, afirmou a Capital Economics em um relatório.

O Banco Popular da China cortou a taxa de juros de um empréstimo de uma semana para os bancos para 1,8%, ante os 1,9%. “Os cortes de hoje sugerem que a preocupação das autoridades com o estado da macroeconomia está aumentando”, disse Robert Carnell, do ING, em um relatório. “Mas isso não significa que eles estejam prestes a adotar medidas políticas não convencionais.”

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O crescimento econômico caiu para 0,8% em relação ao trimestre anterior nos três meses encerrados em junho, ante 2,2% no período de janeiro a março. Isso equivale a um crescimento anual de 3,2%, que seria um dos mais fracos da China em décadas.

O governo do líder chinês Xi Jinping está tentando reviver a atividade econômica sem recorrer a um estímulo em grande escala, possivelmente por medo de reacender um aumento nos níveis de dívida que eles consideram perigosamente altos. Isso é dificultado por uma queda na vasta indústria imobiliária da China após controles governamentais mais rígidos sobre os níveis de dívida das construtoras.

Os compradores estão relutantes em se comprometer quando estão preocupados com possíveis perdas de emprego e se a construção dos apartamentos que pagam pode ser suspensa. O Partido Comunista no poder está tentando reviver a confiança dos empresários e consumidores prometendo ajuda aos empreendedores, mas ainda não anunciou grandes gastos ou outras mudanças políticas.

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O governo de Xi também está tentando despertar o interesse dos investidores estrangeiros, mas grupos empresariais afirmam que as empresas estão redirecionando ou adiando investimentos devido à incerteza sobre seu status após uma expansão das regras de espionagem e apelos de Xi e outros líderes por autossuficiência econômica nacional.

As exportações em julho caíram 14,5% em relação ao ano anterior, uma margem excepcionalmente grande. O líder número 2 do país, Li Qiang, expressou confiança em maio de que o país pode atingir a meta anual de crescimento do partido governante de “cerca de 5%”. O crescimento na segunda metade do ano precisaria ser significativamente mais forte do que na primeira metade para alcançar isso./AP

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