A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) concedeu registro de companhia aberta para a Companhia de Aquisição com Propósito Especial (Spac, na sigla em inglês) da consultoria Alvarez & Marsal, especializada em reestruturação de empresas problemáticas. O registro permitirá que a A&M faça a primeira oferta de ações de Spac do mercado brasileiro. Também conhecidas como empresa "cheque em branco", as Spacs têm esse apelido porque o investidor não conhece a companhia na qual vai investir, mas sim os gestores do dinheiro, que captam os recursos para comprar uma empresa em determinada área. Ainda não está definida a data do lançamento da oferta, o setor, tampouco o montante a ser levantado. No mercado, comenta-se, porém, que a A&M buscaria algo como R$ 1 bilhão.
Ainda não está definida a data do lançamento da oferta, tampouco o montante a ser levantado. No mercado, comenta-se que a A&M buscaria algo como R$ 1 bilhão. A oferta será feita, de toda a forma, com esforços restritos de distribuição, pela regra 476 da CVM. Com os recursos, a A&M terá que encontrar em dois anos empresas para investir.
Até agora, as ofertas de Spacs de gestores ou empresas brasileiras têm acontecido nos Estados Unidos, onde US$ 2 bilhões já foram levantados. A expectativa é de que a Spac da Alvarez & Marsal abra caminho para o lançamento de outras na B3.
"A SPAC agora, portanto, é um produto que pode ser utilizado também no Brasil, mérito do regulador que reconheceu a existência, no ordenamento jurídico brasileiro, de institutos que permitem a implementação da estrutura", disse a sócia da Demarest, Ana Carolina Botto Audi, ao Broadcast. A Demarest está fazendo a consultoria jurídica do Spac da A&M, enquanto o Bank of America e o Itau BBA atuam como assessores financeiros.
A CVM vinha analisando o pedido da A&M há alguns meses, uma vez que não existe precedente desse tipo de oferta na bolsa brasileira. O regulador consultou o mercado a respeito da oferta de Spacs ao varejo no âmbito da audiência pública, lançada em maio, para reformulação da regulação 400 e 476 de ofertas.
De acordo com Audi, no caso de ofertas para distribuição ao varejo, alguns pontos têm de ser endereçados, como a dispensa do estudo de viabilidade. Para uma oferta que seja 476, entretanto, a regulação existente já é suficiente, segundo ela. "Não submetemos formalmente esse questionamento para a CVM. Neste primeiro momento, parece mais adequada uma oferta para público profissional".
Agora, passada essa barreira junto à CVM, a A&M estuda qual o melhor momento para sair com a oferta, uma vez que a turbulência na bolsa tem deixado inclusive os investidores profissionais bastante ariscos. A seu favor, a A&M tem um histórico, localmente e internacionalmente, de sucesso em estratégias de assessoria a empresas. Essa expertise, envolvendo aquelas em situações de dificuldades financeiras ou operacionais, pode ajudar a A&M a vender a tese de seu Spac num cenário mais turbulento.
A volatilidade do mercado acionário tem, de toda a forma, assustado e prejudicado muitas intenções de oferta e, na maioria dos casos, a opção tem sido postergar planos de chegada à bolsa. Isso vale para os Spacs. Até há pouco tempo, a fila de ofertas cheque em branco era considerada animadora por participantes do mercado, mas já se sabe que boa parte delas foi para a gaveta por enquanto.
Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 01'/12/2020 às 16:52
O Broadcast+ é a plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.
Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acessehttp://www.broadcast.com.br/produtos/broadcastplus/
Contato: colunabroadcast@estadao.com
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.