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Bastidores do mundo dos negócios

Incerteza sobre juros pode adiar volta de ofertas de ações em até dois trimestres

Expectativa do Morgan Stanley é que aberturas de capital ganhem força na segunda metade de 2023

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Foto do author Altamiro Silva Junior
Foto do author Cynthia Decloedt
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e Cynthia Decloedt (Broadcast)
Há 16 meses não há novas aberturas de capital na bolsa brasileira Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

A incerteza sobre o que o Banco Central fará com a taxa básica de juros em 2023 - com algumas casas falando até na possibilidade de novas altas em decorrência do risco fiscal maior - pode atrasar a volta das aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês) em até dois trimestres, calculam banqueiros na Faria Lima. Há 16 meses sem estreias de novas empresas na B3, a perspectiva é que elas comecem a voltar aos poucos em 2023, com a geradora de energia CTG Brasil podendo dar o pontapé inicial. Mas há riscos.

O cenário ideal seria a volta da queda dos juros em 2023. “É claro que se os juros começarem a cair de fato, a velocidade dos aportes para a renda variável vai começar a aumentar”, afirma o líder de renda variável para América Latina do Morgan Stanley, Eduardo Mendez. A expectativa do banco americano é que no primeiro trimestre haja mais ofertas subsequentes (follow-on), para no segundo trimestre os IPOs começarem a deslanchar e ficarem mais fortes na segunda metade do ano, sobretudo para operações maiores, entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão.

Em média, eram feitas 22 ofertas por ano na América Latina

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Historicamente, o volume médio de operações de renda variável no mercado de capitais da América Latina ficava na casa de 22 operações por ano, segundo o Morgan. Em 2022, não houve nenhum IPO, somente 14 ofertas subsequentes no Brasil. Para Mendez, se as aberturas de capital voltarem para essa média histórica no ano que vem já há motivos para comemorar.

“Não é preciso, necessariamente, que os juros caiam para se ter maior apetite por risco”, diz Mendez. Mas é desejável ao menos uma estabilidade nas curvas de juros futuros. “Quando a curva está muito volátil, o investidor e o dono da empresa perdem a referência de valor.”

Setores mais tradicionais devem encabeçar próximos IPOs

Como as empresas com alguns viés tecnológico ainda estão sob pressão, porque os investidores buscam mais previsibilidade de receitas e rentabilidade, o executivo do Morgan Stanley acredita que setores mais tradicionais e previsíveis, como elétrico, infraestrutura, óleo e gás e serviços, devem encabeçar os próximos IPOs no Brasil pela frente. Antes de a janela de captações se fechar, havia cerca de 50% de empresas com algum viés de tecnologia para ir a mercado. Agora, 75% são de companhias desses setores mais tradicionais e só 25% são de tecnologia.

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A primeira oferta de 2023 pode ser da geradora de energia CTG Brasil, que deve fazer uma operação grande, acima de R$ 4 bilhões. Se a operação for bem-sucedida, a visão de banqueiros de investimento é que pode abrir espaço para novas ofertas e que, por serem maiores, podem conseguir maior participação de investidores estrangeiros. Nos IPOs de 2020 e 2021, marcados por operações menores, investidores estrangeiros responderam por apenas 30% de participação. Em 2023, a expectativa é que essa fatia cresça para a casa dos 50%.


Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 02/12/2022, às 14h49

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