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Bastidores do mundo dos negócios

Na busca por sócio, Riachuelo terá de lidar com divergência entre acionistas e piora da economia

Empresa contratou o Safra para encontrar um novo parceiro para o negócio

Foto do author Talita Nascimento
Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Talita Nascimento e Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:
WS1 SÃO PAULO - 12/05/ 2021 - FACHADAS / LOJAS / BONCOS / AGENCIAS BARCARIAS / ECOMOMIA / Na foto fachada da Loja Riachuelo. FOTO:WERTHER SANTANA/ESTADÃO  Foto: WERTHER / ESTADAO CONTEUDO

A busca da Riachuelo por um sócio pode ser difícil de se concretizar no curto prazo. Conversas preliminares com a Arezzo não foram para frente e, segundo fontes, negócios com quaisquer concorrentes, nas atuais circunstâncias, deveriam passar por troca de ações, sem envolver desembolso de caixa. Em tempos de inflação alta e com juros tendendo a ficar em dois dígitos em todo o ano de 2023, cautela é o sobrenome do mercado. No varejo, as empresas costumam dizer que esse é o momento de “sentar em cima do caixa” e esperar mais visibilidade.

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A Guararapes, que controla a Riachuelo, contratou o Banco Safra para buscar um sócio. Além da Arezzo, o negócio foi oferecido para a Centauro e a Renner. Nesta ultima, ainda há possibilidade de diálogo, segundo fontes. Fundos de private equity também olharam a operação. Mas o grupo tem preferência por um sócio que atue no setor de varejo, em meio a um ambiente cada vez mais desafiador no Brasil, com juros altos e inadimplência subindo, além do crédito mais difícil, e não em um investidor apenas financeiro.

Os principais sócios da Guararapes, Flávio Rocha, que toca a empresa, e seus irmãos, Lisiane e Élvio Rocha, têm visões e interesses distintos para o negócio, segundo uma fonte. Cada um deles tem pouco mais de 27% das ações ordinárias do grupo, mas os dois últimos estão um pouco mais dispostos a vender fatia maior dos papéis, enquanto Flávio prefere a venda de fatia minoritária.

Com a marca de calçados, as conversas não foram longe. A Arezzo e a Riachuelo têm por trás duas famílias tradicionais do varejo brasileiro, os Birman e os Rocha, assim, é natural que, quando uma delas coloca parte de seus ativos à venda, a outra pare para olhar. No entanto, logo se viu que o negócio não fazia sentido. A Arezzo tem outros planos para crescer e está focada na busca de marcas internacionais para licenciamentos. Nessa área, sim, existem estudos mais aprofundados por parte da empresa.

Arezzo ainda digere compra da Hering

Par da Arezzo, o Soma também não é visto como uma opção óbvia para a Riachuelo, já que a companhia ainda digere a compra da Hering, que ainda tem um caminho pela frente para atingir os níveis almejados de eficiência.

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Do outro lado, a Renner anunciou, em teleconferência de resultados, que deve manter o patamar de cerca de R$ 1 bilhão de investimentos em 2023. No próximo ano, serão abertas entre 45 e 50 novas lojas. Coisa rara em meio a um varejo descapitalizado e endividado, a empresa terminou o terceiro trimestre com cerca de R$ 1 bilhão em caixa, fruto da oferta subsequente de ações da companhia realizada no primeiro semestre de 2021 e que levantou quase R$ 4 bilhões. Segundo a companhia, em seu documento de balanço, “os recursos estão sendo utilizados no desenvolvimento do ecossistema de moda e lifestyle, na aceleração da transformação digital, bem como na expansão de lojas físicas”. No entanto, ela ainda é citada como um par possível para a Riachuelo.

Varejo vive momento de cautela

De todo modo, o que fica claro é que esse não é um momento para tomar grandes riscos. Assim, abrir mão de caixa para ganhar mercado ao somar-se com uma concorrente não parece a solução mais adequada. Assim, uma fusão que envolvesse troca de ações poderia ser o caminho com mais sentido para resolver o impasse na Guararapes.

Nesta quarta-feira, a Guararapes Confecções era avaliada em R$ 3,16 bilhões na B3. A ação da companhia acumula baixa de 35% em 2022, enquanto a SBF, dona da Centauro, despenca 43%, a Soma perde 186% e a Renner cai 12%. Já a Arezzo é uma das exceções e acumula alta de 4,5%.

Em nota, a Guararapes afirmou que “a companhia esclarece que está sempre atenta a oportunidades de mercado que tragam valor aos acionistas, mas não há fundamento de que haveria mudança no controle da companhia”. Procurados, Safra, Renner e Arezzo não comentaram até o fechamento dessa matéria.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 28/12/2022, às 114h16

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