Um dos principais segmentos afetados pelas mudanças de hábitos provocadas pela pandemia, o mercado de escritórios está voltando à normalidade. A retomada das empresas, tanto pela redução do home office, como pela expansão dos negócios, está ajudando a aumentar a ocupação das torres corporativas na cidade de São Paulo.
A chamada taxa de vacância, que representa os espaços vagos em relação ao estoque de salas, caiu pelo segundo ano consecutivo, e fechou 2023 próxima de 23%, segundo dados de duas consultorias. Apesar das incertezas que ainda pairam nas empresas sobre o tema do trabalho híbrido, a expectativa é de que a ocupação siga em alta. No lado da oferta, a pandemia também reduziu a previsão de entregas futuras.
A percepção de retomada é vista com mais clareza nos mercados que mais sofreram o baque. No auge da pandemia, a região da Avenida Chucri Zaidan, na zona sul de São Paulo, viu os espaços vagos nas torres corporativas subir ao segundo maior nível já registrado, para 34,6% do total do estoque.
Taxa de vacância na região caiu para 31%
Em compensação, a região foi a que mais avançou em ocupação em toda a cidade, com 30,6 mil m2 de absorção líquida (saldo entre áreas alugadas e devolvidas) no acumulado de 2023. O número é equivalente a quatro campos de futebol e representa o maior nível desde 2017. Com o avanço, a vacância na região caiu para 31%, de acordo com levantamento da Newmark.
Os dados da JLL também confirmam o destaque da região e estimam uma absorção líquida de quase 50 mil m2, quando considerada também o entorno da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini. Em São Paulo como um todo, a JLL estima que o mercado de escritórios absorveu quase 67 mil m2 no quarto trimestre, equivalente a nove campos de futebol.
Os novos contratos na região incluem nomes como a montadora chinesa BYD, o banco Rabobank e a consultoria Accenture. Situado no bairro Chácara Santo Antônio, o perímetro da Avenida Chucri Zaidan passou por um “boom” de escritórios nos últimos anos e despontou como uma alternativa à saturação das avenidas Faria Lima e Paulista, por exemplo.
Área concentra maior estoque de torres corporativas
Com grandes áreas disponíveis e considerada ainda de fácil acesso, o entorno da Avenida Chucri Zaidan concentra hoje o maior estoque de torres corporativas de São Paulo, num total de quase 900 mil m2 (cerca de 126 campos de futebol). O perfil predominante é de empresas industriais.
O polo também está no topo da vacância entre as regiões de escritórios da capital, com um preço de metro quadrado (cerca de R$ 100) abaixo da metade de áreas nobres como a Faria Lima (R$ 218) e o Itaim (R$ 277), segundo relatório da JLL.
“A Chucri Zaidan sofreu duplamente, por ter crescido rapidamente, e pela remodelação da pandemia”, afirma Mariana Hanania, diretora de pesquisa e mercado da Newmark. “Neste ano vimos uma recuperação, também por conta do preço.” Segundo ela, a região tem as torres mais modernas de São Paulo.
Outra área em alta é a região da Avenida Paulista, com o terceiro maior avanço na ocupação no quarto trimestre, uma absorção líquida de 21 mil m2. Por lá os destaques são serviços.
Ocupação ainda está abaixo da ideal
A recuperação dos escritórios está se dando de forma gradual porque a pandemia mudou a forma de pensar os espaços em várias empresas. O nível de redução das locações corporativas ficou entre 20% e 30% na crise sanitária.
Mesmo com o recente avanço, o nível de ocupação ainda é visto como abaixo do ideal. Uma vacância em torno de 10% a 15% é tida como um equilíbrio mais saudável para os dois lados, entre inquilinos e locatários.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 24/01/24, às 16h56
O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.
Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.