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Como acelerar o processo de redução e atingir a meta Netzero

Rota das emissões de carbono até 2030 é cheia de obstáculos

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Por Estadão Blue Studio
Atualização:
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Os cálculos da Iniciativa Carbon Tracker, instituição internacional financiada por importantes agentes filantrópicos privados, mostram que o estoque de carbono presente atualmente na atmosfera da Terra dura mais sete anos, caso o planeta queira permanecer com 66% de chance de atingir a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C até 2030.

“Manter vivo o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C exige que o mundo se reúna rapidamente. A boa notícia é que sabemos o que precisamos fazer – e como fazê-lo. Nosso Roteiro Net Zero lançado em 2023, baseado nos dados e nas análises mais recentes, mostra um caminho a seguir”, afirmou Faith Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), quando os cálculos mais recentes da instituição internacional vieram a público em setembro do ano passado.

Fazer a transição das fontes de energia de combustível fóssil para fontes renováveis já é fato em todo o mundo. O objetivo agora é como acelerar esse processo. “Temos uma mensagem muito clara: uma cooperação internacional forte é crucial para o sucesso. Os governos precisam parar de separar o clima da geopolítica, dada a escala do desafio que enfrentam.”

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Uma cooperação internacional forte é crucial para o sucesso de alcançar o Netzero Foto: Getty Images

Sem ações mais ousadas por parte dos países, e de suas respectivas sociedades, o balanço negativo entre emissões e reduções – e, portanto, fora do cenário net zero – será implacável. Os dados da IEA dão o tom da dificuldade. Para que o objetivo da emissão líquida seja atingido é preciso triplicar a capacidade global de energia renovável até 2030. A taxa anual de melhora da eficiência energética terá de duplicar, as vendas de veículos elétricos precisam aumentar acentuadamente e as emissões de metano do setor energético caírem 75%. Os três caminhos, somados, representam 80% das reduções de emissões de metano de que o mundo precisa até 2030, segundo as estimativas da IEA.

O relatório divulgado no ano passado, além de cobrar parcerias internacionais mais robustas entre os países, também alerta sobre as consequências da falta de uma ambição suficiente para a implementação das metas contra os processos que turbinam as mudanças climáticas globais. Sem uma redução firme, o planeta vai depender, para buscar a meta de 1,5°C, do uso maciço de tecnologias de remoção de carbono do ar, que são caras e nem sempre eficientes. Pelos cálculos dos técnicos da IEA, o fracasso na expansão da energia limpa com a rapidez ideal até 2030 significa a obrigação de retirar do ar quase 5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono todos os anos.

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“Remover carbono da atmosfera é muito caro. Devemos fazer todo o possível para parar de colocá-lo lá”, disse Birol. “O caminho para 1,5°C se estreitou nos últimos dois anos, mas as tecnologias de energia limpa o mantêm aberto”, afirma o executivo.

Setor privado

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Como mostra o estudo da IEA e de outras agências internacionais voltadas para o tema, além das políticas de estado, o setor privado também tem um papel decisivo na aceleração dos processos de transição. Entre outros motivos, porque a questão ambiental e climática, e os compromissos com o mundo net zero, viraram um pilar central para a competitividade dos negócios.

“Entendemos que sem sustentabilidade não há negócio. Atuar no combate às mudanças climáticas e desigualdades sociais é papel de todos e pauta prioritária na companhia. Para isso, mantemos a cultura de sustentabilidade aliada a uma forte governança, que nos permite planejar e avançar - de forma consistente - nos temas ESG e gerar valor para a empresa e a sociedade”, afirma Renato Gasparetto, vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Vivo.

Segundo o executivo, a empresa do setor de comunicação estabeleceu as primeiras metas climáticas logo após o Acordo de Paris, em 2015. “Nossa atuação está embasada em um Plano de Ação Climática, com metas alinhadas às do grupo Telefônica, do qual fazemos parte, e validadas pela ciência (SBTi). Como resultado do nosso compromisso e iniciativas para uma economia de baixo carbono, reduzimos em 90% nossas emissões próprias de gases de efeito estufa em apenas oito anos. E, assim, atingimos o primeiro grande objetivo climático da nossa jornada para ser Net Zero, até 2040″, explica Gasparetto. Entre as ações implementadas, medidas como o uso de energia 100% renovável (desde novembro de 2018) e a utilização de biocombustível na frota de veículos flex da empresa.