O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deixou claro nesta quinta-feira que o aumento das incertezas em relação ao comportamento dos preços vai exigir a manutenção de uma postura cautelosa e prudente da política de juros do país. "A prudência passa a ter papel ainda mais importante... em momentos como o atual, nos quais a deterioração do balanço dos riscos inflacionários reduz sensivelmente a margem de segurança da política monetária", afirmaram os diretores do BC na ata da última reunião do Copom de 2007. No encontro realizado na semana passada, o Copom decidiu por unanimidade manter a taxa básica de juro em 11,25 por cento, pelo segundo mês consecutivo, diante do aumento das pressões sobre preços e o forte ritmo de crescimento da atividade econômica no país. A determinação de conduzir a política de juros com mais prudência e cautela já havia sido sinalizada pelo Copom na reunião de outubro, quando o BC interrompeu o ciclo de dois anos de cortes ininterruptos da taxa Selic. Desta vez, os diretores do BC resolveram reforçar o recado, mostrando que as atenções estarão voltadas não só para o comportamento efetivo dos preços, mas também para as expectativas de inflação dos agentes do mercado, elemento fundamental na definição da política de juros. A maior preocupação do Copom é a possibilidade de repasse generalizado de pressões inflacionárias que hoje são localizadas, o que comprometeria a trajetória de inflação. Assim como em outubro, o Comitê reafirmou na ata de dezembro que essa possibilidade aumentou e, por isso, as expectativas do mercado em relação ao comportamento dos preços serão monitoradas "com particular atenção". A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em novembro acelerou mais que o esperado e elevou para 4,19 por cento a taxa acumulada nos últimos 12 meses. A meta de inflação fixada pelo governo para 2007 e 2008 é de 4,5 por cento, com margem de variação de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo. Outro elemento que tem merecido atenção do BC, e justificado sua cautela, é o comportamento da atividade econômica, que tem se mostrado bastante aquecida. Na quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 5,7 por cento no terceiro trimestre frente ao mesmo período do ano passado. (Reportagem de Renato Andrade)