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ENTREVISTA-Crise não atingiu compras com cartões, diz REDECARD

Por ALUÍSIO ALVES
Atualização:

O ritmo de crescimento das compras pagas com cartões de crédito e de débito está se mantendo no Brasil, a despeito dos efeitos da crise global, com a aceleração de algumas operações compensando pela retração de outras, segundo a Redecard, credenciadora das bandeiras MasterCard e Diners Club no país. "Ainda não percebemos decréscimo no volume total de compras feitas com esses meios de pagamentos", disse à Reuters o presidente da companhia, Roberto Medeiros, nesta sexta-feira. Por segmentos, explica o executivo, a desaceleração nas compras de artigos de luxo, possivelmente provocada pela alta do dólar ante o real, está sendo compensada pela atividade ainda forte nos setores de materiais de construção, alimentação, entretenimento e turismo. "Pode ser que tenha havido alguma mudança no perfil dos gastos com esses segmentos, mas não no volume", afirmou. A expectativa da Redecard é que as operações com cartões de crédito e de débito fechem o ano com crescimento de 21 por cento e 27 por cento, respectivamente, mantendo o desempenho verificado até outubro. Segundo Medeiros, a companhia segue se beneficiando do progressivo aumento percentual dos meios eletrônicos para pagamentos das compras, em detrimento do cheque e do dinheiro em espécie. "Continuamos a cada mês cadastrando cerca de 35 mil novos estabelecimentos", disse. De acordo com o profissional, de certa forma a Redecard está até tendo alguns dividendos com a crise. De um lado, devido ao aumento da demanda de lojistas por um adiantamento dos valores de vendas para capital de giro, uma vez que o acesso a crédito bancário para pequenas empresas praticamente secou. "Tenho que reconhecer que isso está acontecendo. Muitos clientes que nunca tinham pedido adiantamento passaram a fazê-lo, o que aumentou a fatia da nossa receita que destinávamos para esse fim", disse. De outro lado, Medeiros comentou que a menor oferta de financiamento bancário para compras de bens mais caros, como automóveis, pode também estar fazendo os consumidores utilizarem parte dos recursos disponíveis para compras de menor valor. COMPARTILHAMENTO DE TERMINAIS O executivo informou que está ampliando o compartilhamento dos terminais de pagamento com cartão, conhecidos como POS, com sua principal rival, a Visanet, que credencia os cartões Visa. Atualmente, os cartões das bandeiras Visa e MasterCard já podem ser utilizados no mesmo terminal em cerca de 10 mil estabelecimentos no país. O compartilhamento de terminais é apontado por analistas como um fator que pode aumentar a competição entre as diferentes bandeiras, com possível perda de fatias de mercado das duas gigantes do setor. Um projeto de lei, em tramitação no Congresso Nacional, prevê a obrigatoriedade do compartilhamento. Segundo Medeiros, o maior temor da companhia em relação aos terminais não é o compartilhamento com a concorrência, mas o aumento dos custos do aparelho devido à alta do dólar, já que boa parte dos seus componentes é importada. Se as atuais taxas de câmbio se mantiverem, a expectativa da Redecard é de que possa haver uma pressão para reajuste dos preços cobrados dos estabelecimentos pelo aparelho, o que poderia acontecer a partir do final do primeiro trimestre de 2009. (Edição de Isabel Versiani)

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