PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Professor de Finanças da FGV-SP

Investidor deve ficar atento a nuvens negras no horizonte externo

Os riscos geopolíticos e de inflação cresceram, e a economia dos EUA dá sinais de que os juros seguirão altos

Foto do author Fabio Gallo
Por Fabio Gallo

O céu da economia brasileira está claro, dando sinais de bons tempos. A inflação em queda, o crescimento econômico com perspectivas de ser maior do que as previsões do início do ano e os juros caindo. Mas, nuvens escuras estão presentes no ambiente internacional. Os riscos geopolíticos e de inflação aumentaram.

PUBLICIDADE

Os últimos dados da economia americana mostram forte crescimento, o que leva à persistência da inflação. A resiliência da economia do EUA também leva à elevação dos juros lá. O resultado é que houve uma rápida subida das taxas de juros nos últimos meses. As taxas para os títulos de 10 anos, que em junho de 2021 estavam em torno de 1,2% ao ano passaram a 2,6% um ano depois, e hoje estão próximas a 5% ao ano. A consequência é que as taxas de juros do cartão de crédito, empréstimos e hipotecas dispararam, mesmo com o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mantendo a taxa básica inalterada desde julho – embora haja a possibilidade de novo aumento em dezembro.

Essa situação abala os investidores, como comentado recentemente nesta coluna, as Bolsas perdem fôlego porque se buscam portos mais seguros e, assim, a renda fixa ganha espaço. Uma observação presente nos jornais internacionais é que esse aumento acentuado das taxas provoca choque nos mercados financeiros e deixa a todos intrigados sobre quanto tempo mais as taxas podem permanecer em níveis tão elevados.

A questão para os investidores brasileiros é: quais são as implicações desse cenário sobre os nossos investimentos?

Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, deve manter os juros em nível elevado por mais tempo Foto: REUTERS/Jason Reed

Primeiro, pode ocorrer uma fuga de capitais à medida que os investidores tendem a buscar retornos mais elevados e seguros nos EUA. Pode ocorrer ainda a desvalorização do real ante o dólar, aumento dos custos de financiamento para as empresas locais e pressão sobre a taxa de juros. Em resumo, pode haver novos desafios para a nossa economia, além de volatilidade nos mercados.

Publicidade

Assim, o investidor deve procurar se antecipar, visitando o seu planejamento financeiro e checando a diversificação de sua carteira. Mas podem também buscar alternativas, investindo em ativos menos sensíveis às taxas de juros e mais voltados para o curto prazo. Ou investir em papeis de empresas que oferecem produtos e serviços essenciais, como empresas de alimentos e serviços de saúde, ativos conhecidos como “anti-cíclicos”.

Uma correção em relação à coluna da semana passada: os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e o Certificados do Agronegócio (CRAs) não são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) porque estes títulos são negociados por securizadoras, e não pelos bancos.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.