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''Faremos de tudo para crescer 4% em 2009''

Mantega afirmou que, para evitar uma desaceleração maior da economia, governo pode reduzir os impostos

Por Ribamar Oliveira
Atualização:

Em entrevista depois da reunião ministerial ocorrida ontem, na Granja do Torto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou que a equipe econômica não descarta a redução de impostos, entre eles o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), conforme informação publicada na edição de ontem do Estado. O objetivo é evitar uma desaceleração maior da economia brasileira em 2009 por causa da crise financeira mundial. "Se for necessário, reduziremos os impostos", disse o ministro. Mantega afirmou que o governo adotará as medidas que forem necessárias para assegurar um crescimento da economia de 4% no próximo ano. "A crise financeira já está afetando a economia real dos países desenvolvidos. No Brasil, haverá uma desaceleração do crescimento. Mas o governo está trabalhando para não deixar que essa desaceleração se instale no País. Faremos de tudo para atingir a meta de crescer 4% em 2009", afirmou, ao garantir que o governo dispõe de "um arsenal de medidas" para reduzir os efeitos da crise internacional sobre o Brasil. Outra decisão do governo, segundo Mantega, será manter os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "O presidente Lula quer manter o Brasil como um grande canteiro de obras", afirmou. "Se houver queda de receita cortaremos no custeio e não nos investimentos". O ministro da Fazenda disse ainda que o Banco Central vai divulgar hoje os resultados parciais das operações de crédito no mês de novembro.Segundo Mantega, os dados vão mostrar uma melhora em relação a outubro. "Não houve uma normalização (do crédito), principalmente porque os médios e pequenos bancos ainda não voltaram a atuar no mercado", explicou o ministro. "Mas em novembro, em relação a outubro, a oferta de crédito melhorou. Ainda não está num ponto ideal, satisfatório, mas 80% do crédito (que existia antes da crise) voltou." A avaliação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a reunião, segundo relato de Mantega, é que o Brasil poderá continuar em sua trajetória de crescimento, "mas com alguns arranhões". O presidente considera que 2009 será um ano pior para o mundo todo, pois haverá recessão nos Estados Unidos, na Europa, no Japão e a China poderá reduzir o seu crescimento de 12% ao ano para 8% ao ano. Para Lula, de acordo com Mantega, a recessão será menor se os países adotarem políticas anticíclicas de forma coordenada. No caso do Brasil, Mantega disse que o governo já adota uma política anticíclica, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento. "O PAC é um programa anticíclico por antecipação, pois, ao lançá-lo, a idéia do governo foi a de fortalecer o crescimento da economia brasileira", afirmou. O ministro da Fazenda disse que o governo já conseguiu atender, com medidas anunciadas nas últimas semanas, os setores prioritários da economia, ou seja, aqueles que dependiam mais do crédito e que empregam um maior número de pessoas. "Estamos atentos aos impactos setoriais da crise e adotaremos as medidas necessárias". Com as medidas já adotadas, na avaliação de Mantega, a próxima safra agrícola "será bem parecida com a de 2007/2008", que foi um recorde. O ministro disse ainda que negocia com governadores e prefeitos a prorrogação por 60 dias do prazo para o pagamento do Simples.

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