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Como fazer o bem e ter mais propósito na vida?

A prescrição mais conhecida do altruísmo efetivo é se dedicar àquilo que se faz melhor

colunista convidado
Foto do author Pedro Fernando Nery
Por Pedro Fernando Nery

Minha vida tem propósito? Devo mudar o rumo da minha carreira? Como ajudar mais o próximo no ano que vem? Reflexões que são mais comuns no final do ano. Um movimento tenta ajudar com essas inquietações fornecendo respostas sobre “como fazer o bem”. Vamos falar hoje sobre essa espécie de ciência do altruísmo.

A turma do “altruísmo efetivo” reúne evidências para ajudar pessoas em dúvida sobre para que tipo de ONG doar seu dinheiro, ou ainda que área deve escolher quem quer impactar o mundo com seu trabalho.

Projeção do artista VJ Suave, no centro de São Paulo, que faz parteda mostra "Céu Aberto - O Distanciamento entre o Ser Humano e a Natureza". A mostra digital une pensamento crítico, arte contemporânea e tecnologia para cultivar a reflexão sobre a relação do ser humano com o meio ambiente. Foto Alex Silva / Estadão Foto:

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A GiveWell monitora com dados que iniciativas de caridade alcançam maior impacto com os recursos recebidos. No planeta, sugere doações para ONGs que trabalham em prevenção da malária (como distribuição de mosquiteiros) e desparasitação, por exemplo.

Já o 80,000 hours orienta em relação à carreira. As com maior capacidade de gerar impacto estariam no setor público, no terceiro setor, na academia e na comunicação. Quanto a temas específicos, áreas importantes para dedicar à carreira incluiriam a mudança climática e também as relacionadas a riscos existenciais.

Estas são aquelas áreas que trabalham com riscos muito pequenos de acontecer, mas cujas repercussões poderiam ser devastadoras. A pandemia de covid-19 é um exemplo da importância desse trabalho. Prevenção a bioterrorismo, desastres nucleares e mau uso da inteligência artificial estão nesse rol.

Mas a prescrição mais conhecida do altruísmo efetivo é outra: dedicar a carreira àquilo que se faz melhor. Gerar impacto seria uma atividade especializada. Quem quer fazer o bem deveria assim ganhar o máximo de dinheiro possível e doar boa parte dele às caridades efetivas.

Nesta ótica, não valeria largar uma promissora carreira no mercado financeiro ou na advocacia para ajudar o próximo, e sim lucrar e distribuir. Pelo menos 10% do salário é o que se recomenda nessa abordagem (earn to give, “ganhar para doar”).

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O movimento, porém, caiu em certa desgraça recentemente com um dos expoentes justamente dessa estratégia. O bilionário Sam Bankman-Fried foi preso no escândalo das criptomoedas. Era um garoto-propaganda do altruísmo efetivo.

E aqui? O avanço da assistência social nos últimos anos pode permitir ao País erradicar a extrema pobreza, com uma atualização inteligente do Bolsa Família. A caridade no Brasil ganhará um novo perfil? Não parecemos ainda ter nada parecido com as métricas da GiveWell – há espaço para inovar aí.

Que no próximo ano o leitor encontre contentamento em seus objetivos. Boas festas!

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