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Megainvestidor diz que socorro ao First Republic espalha contágio aos grandes bancos nos EUA

Para Bill Ackman, medida é ‘voto fictício’ de confiança

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast)

NOVA YORK - O megainvestidor de Wall Street Bill Ackman, da gestora Pershing Square, criticou o socorro de US$ 30 bilhões de pesos pesados de Wall Street ao First Republic Bank (FRB), com sede em São Francisco, nos Estados Unidos, anunciado na quinta, 16. Na visão dele, a medida é um “voto fictício” de confiança e espalha o contágio a grandes conglomerados financeiros dos EUA.

“O risco de inadimplência do First Republic Bank agora está sendo espalhado para nossos maiores bancos”, escreveu o megainvestidor. “Espalhar o risco de contágio financeiro para obter uma falsa sensação de confiança no First Republic Bank é uma má política”, acrescenta, em comentário no qual critica a ação orquestrada pelo Tesouro dos EUA.

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Na quinta, um grupo de 11 bancos americanos e que inclui nomes como JPMorgan, Citigroup e Bank of America anunciou que irá injetar um total de US$ 30 bilhões no First Republic Bank para socorrer a instituição que teve a sua saúde financeira questionada após a quebra de dois bancos nos Estados Unidos.

Para Ackman, os grandes bancos dos EUA não teriam aceitado participar da tábua de salvação ao First Republic Bank a menos que fossem pressionados a fazê-lo. Além de baixo retorno, não há garantia de proteção caso o First Republic Bank apresente problemas no futuro, a exemplo do que aconteceu com o Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank.

“O FRB não é o SVB. É um banco bem administrado, bem capitalizado e de alto nível de serviços, com bons ativos, que é amado por seus clientes. É pego em uma corrida bancária sem culpa própria. Não merece falhar”, disse Ackman.

O megainvestidor Bill Ackman Foto: REUTERS/Mike Blake

O megainvestidor de Wall Street voltou a cobrar a necessidade de uma garantia de depósito temporária para todo o sistema financeiro dos EUA. Segundo ele, tal ação tem de ser “imediata” e rápida até que o sistema de garantia do Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), uma espécie de FGC os EUA, seja expandido e modernizado.

Ackman teceu críticas ainda na forma como o anúncio do socorro ao First Bank foi feito. Para ele, o comunicado informando a ajuda de US$ 30 bilhões “levantou mais perguntas do que respostas”. “A falta de transparência faz com que os participantes do mercado assumam o pior”, alerta. Há pouco, as ações do First Republic Bank amargavam perdas de mais de 20% na Bolsa de Nova York (Nyse).

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“Simplesmente, eu estou extremamente preocupado com o risco de contágio financeiro saindo do controle e causando graves danos e dificuldades econômicas”, acrescenta Ackman. Para ele, é hora de parar com a crise de confiança que alcançou um patamar que já está além do que o setor privado consegue resolver o problema.

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