BASTIDORES: Tânia Monteiro
A presidente Dilma Rousseff vai resistir o quanto puder para manter no cargo a presidente da Petrobrás, Graça Foster, e a diretoria da empresa. Pelo menos, por enquanto.
Para o Planalto, é importante manter Graça Foster no cargo, como se fosse uma espécie de escudo na própria empresa, destinado a impedir que a crise saia de lá e invada o terceiro andar do Palácio do Planalto.
Dilma tem conversado com Graça, que já colocou à disposição seu cargo e os de toda a diretoria. A avaliação é que o grupo perdeu sustentação política e o afastamento ocorrerá, mais dia ou menos dia.
Porém, a presidente insiste: precisa deles para evitar que a crise transborde. Enquanto Graça e a diretoria estiverem em seus postos na Petrobrás, ainda que sob fogo cruzado, eles serão o alvo direto e imediato dos ataques e críticas. São, assim, a primeira linha de defesa de Dilma.
Há outro fator que pesa na permanência da atual diretoria. O governo quer ganhar tempo enquanto aguarda o envio do processo da delação premiada do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, que está em prisão domiciliar, ao ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki. Isso porque não se sabe até onde chegam as denúncias e quem são os afetados.
Também não se sabe quem são os parlamentares envolvidos, o que também está atrasando a reforma ministerial. Por causa dessas incertezas, não há ainda a menor ideia de quem poderia suceder a Graça no comando daquela que já foi a maior e mais respeitada empresa do País e vê seu capital se desmanchar em denúncias dia a dia.
A presidente Dilma tem dito a seus auxiliares que mantém a confiança em Graça Foster e acredita que a executiva não tem nenhum envolvimento com as irregularidades. Os problemas - lembram auxiliares do Planalto, repassando responsabilidades para terceiros - ocorreram no tempo em que o presidente da empresa era o petista José Sérgio Gabrielli. Estranhamente, dizem, ele tem sido poupado na investigação.
Ontem pela manhã a presidente se reuniu no Palácio da Alvorada com os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, da Justiça, José Eduardo Cardozo e da Secretaria de Relações Internacionais, Ricardo Berzoini para discutir, entre outros temas, os estragos da crise da Petrobrás no governo. Há um clima de apreensão em Brasília e uma preocupação com a crítica situação econômica e política da empresa, que está sendo cada dia mais afetada pelas denúncias.
Outra preocupação é com a chegada da ex-gerente executiva da Diretoria de Refino e Abastecimento da empresa Venina Velosa da Fonseca. Ela desembarca no Brasil na sexta-feira e, de acordo com informações que circulavam no Planalto, teria mais munição contra a direção da Petrobrás.
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