O governo do presidente Néstor Kirchner estaria a ponto de iniciar uma nova guerra comercial com o Brasil. Desta vez, o alvo dos argentinos é o calçado brasileiro, acusado de estar "invadindo" este país. Os empresários do setor calçadista sustentam que as importações desse produto aumentaram 78% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2003. Os argentinos alegam que, no primeiro trimestre deste ano, entraram no país 4,85 milhões de pares. O governo está sendo pressionado pelo setor a aplicar medidas que restrinjam a entrada dos calçados brasileiros. Recentemente, a administração Kirchner cedeu diante das pressões dos empresários argentinos de eletrodomésticos, que pediam medidas contra os produtos concorrentes vindos do Brasil. O argumento usado pelos empresários era a suposta "depredação" da indústria nativa pela "invasão" brasileira. O resultado foi a imposição ao Brasil de duras restrições para a entrada de fogões, geladeiras e máquinas de lavar roupas. Além disso, a Argentina aplicou uma tarifa alfandegária para a entrada de televisores produzidos na zona franca de Manaus. Segundo os fabricantes argentinos, se essa tendência de crescimento no ramo dos calçados continuar, até o fim deste ano o número de pares importados poderiam superar a faixa dos 13 milhões anuais, acordados como limite entre os dois países. Os empresários temem que a "invasão" possa chegar aos 18 milhões de pares. No entanto, mesmo que chegue a esse patamar, ainda estará abaixo dos níveis de vendas de calçados brasileiros no mercado argentino dos anos 2000 e 2001, quando estiveram ao redor de 20 milhões de pares. Fontes do governo argentino afirmaram ao Estado que não hesitarão em aplicar medidas "unilterais" contra os calçados brasileiros, caso seja necessário.