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IRB leva ‘Prêmio Broadcast Empresas’

Antes monopolista, resseguradora foi à Bolsa e atingiu alto nível de governança; receita de vencedoras cresceu 5,3% acima da inflação no ano

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Por Luana Pavani
Atualização:

O ressegurador IRB Brasil Re foi o grande vencedor da 19ª edição do Prêmio Broadcast Empresas anunciado na quinta-feira na capital paulista. A empresa foi a melhor colocada no ranking produzido pela Agência Estado em parceria com a consultoria Economática, que analisou 190 companhias de capital aberto com ações negociadas na B3 durante 2018. O perfil das vencedoras é diverso, mas a estratégia traz um ponto em comum: a reinvenção dos negócios.

Gestores das empresas vencedoras reinventaram negócios na crise e priorizaram retorno aos acionistas. Foto: LAERCIO CHECA/ESTADAO

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As dez melhores colocadas mostram que fizeram a lição de casa após anos de crise e se prepararam tanto para a volta dos investimentos quanto para um cenário mais competitivo. O vencedor IRB Brasil, por exemplo, passou por uma virada estratégica. De ressegurador monopolista, a companhia foi à Bolsa e recentemente atingiu alto grau de governança corporativa ao tornar-se uma corporation, ou seja, empresa de capital pulverizado, após a saída da União e do Banco do Brasil do bloco de controle.

Um desafio que tem pela frente é replicar o modelo de operação do Brasil no exterior. Depois de deter o monopólio do mercado local por quase 70 anos, o IRB quer, segundo seu presidente José Carlos Cardoso, consolidar a liderança no exterior. “A empresa tem conseguido capturar ganhos, mantendo o foco em eficiência e rentabilidade, podemos crescer tanto no Brasil quanto lá fora. Temos espaço para isso”, afirma.

Criatividade

“As empresas que ganharam o Prêmio Broadcast conseguiram o feito de aproveitar o momento de crise econômica para buscarem novos caminhos e, com isso, garantiram bons retornos aos acionistas apesar das adversidades”, afirma a editora-chefe do Broadcast, Teresa Navarro.

Outro destaque, a Renner conclui um ciclo de seis anos de investimentos em 2018 para iniciar uma nova fase voltada ao digital e com forte uso de inteligência de dados. “Temos adotado melhorias e funcionalidades na experiência de compra”, diz o diretor administrativo e financeiro da varejista, Laurence Gomes. “Cerca de 30% das vendas online são retiradas em loja e, destas, 10% geram compra adicional.”

O retorno aos acionistas também foi um diferencial importante para muitas das premiadas. Em 2.º lugar, a Engie Brasil pagou R$ 2,27 bilhões em dividendos – o equivalente a 100% do lucro distribuível. “Oferecemos uma combinação bem diferente de dividendo com crescimento”, diz o presidente da elétrica, Eduardo Sattamini.

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Segundo o presidente da Economática, Fernando Exel, a recuperação das empresas nas últimas duas edições do ranking foi o destaque. “Vemos crescimento vigoroso após graves crises”, disse. Alguns dados que comprovam essa observação são a mediana de crescimento da receita de 5,3% acima da inflação desse grupo de empresas em 2018, o que ele considera “muito forte” perante a alta do PIB de 1,1% no ano passado. Também o retorno sobre o investimento foi maior em 2018, com mediana de 9,3% ante 7,2% em 2017.

A edição também marca a volta do Itaú Unibanco ao topo, na quinta posição. Segundo o presidente do banco Candido Bracher, o maior desafio na agenda atual é lidar com um número crescente de competidores, desde fintechs a varejistas. “Meu maior desafio é preparar o Itaú para estar em constante transformação, considerando um ambiente de grande competição”, afirma.

O ranking analisa companhias de capital aberto desde 2000 e com patrimônio líquido acima de R$ 10 milhões que divulgam balanços no prazo previsto em lei e estão em dia com credores no período analisado.

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A premiação contou ainda com a palestra da diretora de finanças corporativas para América Latina da agência de classificação de risco Moody’s, Marianna Waltz, que afirmou que a melhora da nota ao Brasil “não virá no curto prazo”. Para a analista, “é preciso ver primeiro uma consolidação fiscal ligada a crescimento econômico”.

Para ela, a agência já embutiu a aprovação da reforma da Previdência em abril de 2018, quando anunciou a nota do Brasil em Ba2 com perspectiva estável. Marianna afirmou, no entanto, que, se a economia acelerar, a consolidação fiscal tende a ser mais rápida e “se isso vier em 2020, sinalizando sustentabilidade, pode haver antecipação de ação positiva de rating”.

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