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‘Itaú saiu da defesa e partiu para o ataque’, diz Roberto Setubal

Para copresidente do conselho da instituição, aumento dos juros no Brasil tornou a disputa entre os bancos tradicionais e as fintechs mais equilibrada

Foto do author Matheus Piovesana
Por Matheus Piovesana (Broadcast)
Atualização:

O copresidente do conselho de administração do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, disse nesta quinta-feira, 1, que o banco, o maior da América Latina, tem conseguido responder à altura os desafios trazidos pela tecnologia e pela facilitação da concorrência que ela trouxe. De acordo com ele, as mudanças pelas quais o banco passou são positivas.

“Muita coisa vem mudando no banco, e tem de mudar mesmo”, disse ele, durante o Itaú Day, evento de investidores do Itaú, realizado de forma virtual. “Eu acho que essa equipe executiva que assumiu agora, que é uma nova geração de executivos, vem a calhar nesse momento.”

Para Roberto Setubal, mudanças no Itaú são positivas e necessárias.  Foto: Werther Santana/Estadão

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Setubal se referiu à diretoria do banco que assumiu no começo do ano passado, comandada por Milton Maluhy, presidente do conglomerado. Segundo ele, nos primeiros 18 meses de atuação dos executivos, o banco foi “muito bem”.

O copresidente do conselho Pedro Moreira Salles destacou que as métricas de satisfação dos clientes e da própria base cresceram fortemente em relação aos últimos anos. “O crescimento mostra que de fato estamos fazendo direito”, disse ele.

Setubal afirmou que o Itaú “saiu da defesa e partiu para o ataque”, para conquistar novos espaços de mercado. Ele afirmou que novos competidores trouxeram desafios ao banco, mas que a resposta tem sido boa. “Estamos conseguindo reagir bem a essa mudança.”

O executivo disse ainda que até o final do ano que vem, todas as linhas de negócio do conglomerado devem estar com seus sistemas em nuvem. Com essa migração, a oferta de produtos e os sistemas do Itaú devem ficar mais flexíveis, ajudando a fazer ofertas mais personalizadas.

Alta dos juros equilibra disputa

Para Setubal, com a alta dos juros, a competição entre os bancos tradicionais e os novos competidores, de caráter digital, ficou mais equilibrada. Isso porque, assim como os bancos tradicionais, os neobancos passam a ser cobrados por resultado.

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“A nova concorrência veio naquele momento em que o mundo estava passando por transformação e pandemia”, apontou. “Eu acho que hoje, com a subida da taxa de juros e a dificuldade de levantar recursos, eles estão vendo a necessidade de apresentar resultados financeiros.”

Setubal afirmou que crescer oferecendo preços muito baixos ou subsidiados para os produtos é muito fácil. Este cenário, porém, muda com a alta dos juros, que eleva os custos de captação, tanto via depósitos quanto através da emissão de ações, o que atinge essa lógica de operação em empresas que queimam caixa - caso de boa parte das fintechs.

“O banco sempre foi bom em apresentar resultados, e vai continuar apresentando, mas sem perder o foco no cliente”, disse o executivo.

Moreira Salles, por sua vez, afirmou que, diante do aperto monetário global, as histórias que fintechs e neobancos apresentaram ao mercado de capitais, de forte crescimento com lucros somente no futuro, perderam apelo. “Os novos concorrentes têm de se adequar a um mundo mais parecido ao que nós vivemos.”

Clientes engajados

O presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, disse que, hoje, 67% dos clientes pessoas físicas do banco pertencem ao grupo dos mais fiéis, o que aumenta a participação da instituição na tomada de crédito por parte dessas pessoas e, consequentemente, os resultados que geram.

Milton Maluhy diz que lógica das aquisições é complementar o ecossistema do banco Foto: Itaú Unibanco

“O banco possui aproximadamente 66 milhões de clientes pessoas físicas, e destes, cerca de 67% são clientes engajados”, afirmou ele, no início do Itaú Day. “O crescimento dos clientes engajados tem sido maior que o da base total.”

Segundo Maluhy, no primeiro semestre, mais 2 milhões de pessoas ganharam esse “status” na base do Itaú. O cliente engajado é aquele que, na indústria bancária, consome um maior número de produtos em uma mesma instituição financeira. Em geral, mais de seis.

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O presidente do banco afirmou que neste grupo, o Itaú possui uma participação de 50% na tomada de crédito. Com isso, esses clientes são mais rentáveis e geram maior resultado ao conglomerado. “Estamos colhendo resultados por ter uma cultura mais digital”, disse ele.

Estamos colhendo resultados por ter uma cultura mais digital”

Milton Maluhy, presidente do Itaú Unibanco

O executivo afirmou que nos últimos 18 meses, período passado desde que assumiu a presidência, o Itaú vive uma transformação cultural. “Tudo isso sem abrir mão da nossa performance financeira, uma vez que também somos movidos por resultado.”

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