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Economista e sócio da MB Associados

Opinião | Lá vem de novo a indústria naval

O setor naval tem uma história pouco edificante, de muitos subsídios e várias crises; apenas profissões de fé não são suficientes para justificar mais um programa grande

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Foto do author José Roberto Mendonça de Barros

Em recente evento no Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), o presidente da Petrobras disse que a companhia estima investimentos de US$ 73 bilhões em atividades de exploração e produção e que destinará parte dos recursos para demandas endereçadas à indústria naval e offshore, com oportunidades reais de construção no Brasil. Os projetos destinados a essas demandas contemplam plataformas de petróleo, navios de apoio marítimo, embarcações de cabotagem e destinação sustentável de unidades, dentre outros.

Já o diretor de Engenharia pontuou que “com estas encomendas devidamente mapeadas e sem o prejuízo de novos anúncios adiante, vamos agora contribuir para o governo federal recriar um ambiente favorável ao investimento e fornecimento local, ajudando decisivamente para a reabilitação da indústria naval e offshore brasileira”.

Estaleiro Ilha S.A (Eisa), que fechou as portas no fim de 2015, na Ilha do Governador, zona norte do Rio.  Foto: Alex Ribeiro/Estadão

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Finalmente, o presidente do BNDES, falando sobre o setor (Valor, 30/4), disse que “nós temos que fazer um diagnóstico rigoroso sobre nossa capacidade de construção. Qual é nossa expertise e não repetirmos os erros que nós já tivemos e não foram pequenos. Mas nós temos uma curva de aprendizado e nos recusamos a ideia de que o Brasil não pode entrar nesse segmento”.

O setor naval tem uma história pouco edificante, de muitos subsídios e várias crises, a última das quais de enorme proporção e relativamente recente, a partir de 2014/15. Apenas profissões de fé não são suficientes para justificar mais um programa grande.

No mínimo, seriam necessários estudos independentes prévios que atestassem capacitação técnica e custos minimamente competitivos antes de novos grandes contratos.

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Já deu para aprender que apenas vontade política não traz crescimento. A recessão de 2014/16, a maior de nossa história, foi construída com muito voluntarismo e má política econômica, que nenhuma narrativa pode esconder.

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Os dados da inflação americana de março provocaram mais um solavanco no mercado, pois mostraram uma piora na ponta. Espera-se agora apenas uma queda de juros até o final do ano. Em consequência, as taxas subiram e o dólar se valorizou frente às outras moedas.

Simultaneamente, por aqui, várias propostas foram feitas no Congresso que implicam grandes elevações de gastos (especialmente a reintrodução do quinquênio dos juízes) e o Executivo alterou as metas fiscais para 2025 e adiante.

O quadro fiscal ficou mais complicado e o cenário econômico muito mais pedregoso.

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Voltaremos a isso.

Opinião por José Roberto Mendonça de Barros

Economista e sócio da MB Associados

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