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Lula quer discutir uso de moeda alternativa ao dólar nas cúpulas do G20 e dos Brics

Pauta agrada a potências rivais dos Estados Unidos, por contestar a predominância da moeda norte-americana como padrão internacional

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Por Felipe Frazão
Atualização:

PARIS - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender nesta sexta-feira, 23, o uso de moedas alternativas ao dólar para transações comerciais internacionais. Em Paris, ele disse que irá pautar o debate nas cúpulas do Brics (bloco formado com Rússia, China, Índia e África do Sul), em Johanesburgo, em agosto, e do G20, em Nova Délhi, em setembro.

A pauta agrada a potências rivais dos Estados Unidos, por contestar a predominância da moeda norte-americana como padrão internacional.

O presidente já propôs a criação de uma moeda sul-americana com essa finalidade, bem como uma no âmbito dos Brics. Brasil e China estabeleceram neste ano as bases para transações diretas entre real e yuan, sem necessidade de conversão ao dólar.

Lula propôs criação de uma moeda sul-americana e uma no âmbito dos Brics Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

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“Tem gente que se assusta quando eu falo que é preciso a gente criar novas moedas para fazer comércio. Não sei por que Brasil e Argentina têm que fazer comércio em dólar. Não sei por que Brasil e China não podem fazer nas nossas moedas. Por que eu tenho que comprar dólar? Essa discussão está na minha pauta e, se depender de mim, ela vai acontecer na reunião do Brics e também na reunião do G20”, disse.

Segundo Lula, as instituições criadas no pós-guerra, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, “deixam a desejar” e os empréstimos tomados por países podem levar à falência posterior do Estado. Ele citou o caso da Argentina, que tomou empréstimos do FMI, mas não possui dólares suficientes para quitar.

Além de discutir a moeda para comércio, Lula cobrou em Paris que os países ricos devem “parar de fazer proselitismo com recursos” e passar a promover investimentos estruturantes nos países mais pobres. Ele citou a possibilidade de uma hidrelétrica de grandes dimensões no rio Congo, que nunca sai do papel porque o país não consegue obter dinheiro.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, estava na mesma cúpula e fez um aceno aos países mais pobres e um chamado ao representante da China, o primeiro-ministro Li Qiang.

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“Somos as duas maiores economias, temos a responsabilidade de trabalhar juntos para solucionar as questões globais, é isso que o mundo espera de nós”, disse Yellen.

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