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Direito do consumidor

Opinião|Fez bem o MP-RS ao coibir abusos de preços de galões d'água no Rio Grande do Sul

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 Foto: Estadao

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) autuou 65 estabelecimentos que se aproveitaram da tragédia climática naquele estado para vender galões de 20 litros d'água por R$ 80. Não se trata de uma medida de exceção, provocada por uma catástrofe climática que afetou, até agora, 2,3 milhões de pessoas. O MP-RS está amparado pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), que em seu artigo 39º veda ao fornecedor de produtos e serviços, dentre outras práticas abusivas, elevar sem justa causa o preço de produtos e serviços.

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É óbvio que, em meio a inundações que isolaram municípios e que destruíram lavouras, fábricas e estabelecimentos comerciais, os preços tendem a subir.

Mas não é legítimo usar a crise climática para extorquir pessoas que já enfrentam alagamentos e até destruição de suas casas, empresas, ruas etc.

Não há controle de preços no Brasil, exceto em casos bem específicos, como o reajuste dos planos de saúde individuais e familiares (determinados anualmente pela agência reguladora) e dos preços dos remédios, determinados pela Câmara de Regulação de Medicamentos (CMED).

É bem possível que haja efeitos inflacionários decorrentes das enchentes no Rio Grande do Sul, que é grande produtor de alimentos, couro e calçados, móveis e vinhos, dentre outros. Mas à medida que a situação se normalizar e que começaram a chegar os recursos financeiros para reerguimento do estado, a tendência é que esses efeitos sejam menores.

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Apesar de os produtores gaúchos afirmarem que não faltaria arroz (o Rio Grande do Sul é o maior produtor brasileiro), portaria interministerial autorizou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a importar este cereal, onipresente na mesa dos brasileiros.

Se houver outro produto que tenha forte pressão de preços, o governo federal poderá recorrer às compras internacionais para não deixar a inflação voltar a subir. Haverá dificuldades, também, no pequeno comércio das cidades do interior gaúcho, muitos deles afetados ou até destruídos. Para eles, como já defendi, será necessário crédito com baixíssimos juros e todo o apoio de que necessitem.

Opinião por Cláudio Considera

É ex-presidente do conselho da Proteste Associação de Consumidores e professor de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi titular da Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), chefe de Contas Nacionais do IBGE e diretor de Pesquisa do Ipea.

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