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Dólar cai 0,64%, a R$ 5,22, no menor nível desde 13 de setembro; Bolsa sobe

Entrada de recursos estrangeiros no País ajudaram no recuo da moeda americana; tombo do setor financeiro, com queda de 8,8% para o Bradesco, afetou o Ibovespa

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Por Redação
Atualização:

Apesar das preocupações trazidas pelo resultado da inflação de janeiro, o dólar fechou em queda de 0,64%, cotado a R$ 5,2269, nesta quarta-feira, 9, no menor valor desde 13 de setembro. Já a Bolsa brasileira (B3) teve ganho modesto de 0,20%, aos 112.461,39 pontos com a ajuda de Nova York, apesar do forte recuo das ações do Bradesco e de demais empresas do setor bancário.

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A entrada de recursos estrangeiros no País, segundo números divulgados pelo Banco Central, ajudaram a manter o dólar em queda. Segundo a autoridade monetária, o fluxo cambial registrado na semana passada para o Brasil ficou positivo em US$ 4,936 bilhões. O segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.

"O dólar vinha tentando perder os R$ 5,25 faz tempo sem sucesso. Quando chegava a esse patamar, entrava compra, porque havia dúvida se a tendência de queda iria continuar. O fluxo positivo em fevereiro mostrou que a entrada de capital estrangeiro continua muito forte e deu coragem para os vendidos [que ganham com a queda do dólar] aumentarem suas posições", afirma o gerente da mesa de derivativos financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado. A moeda já perde 1,79% na semana e acumula desvalorização de 6,26% em 2022.

B3, a Bolsa de Valores de São Paulo; tensão entre Rússia e Ucrânia continua a afetar os mercados mundiais Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Por aqui, na maior parte da manhã, o mercado local descolou-se do dólar e operou em alta moderada frente o real, com máxima em R$ 5,2902. Operadores e economistas relatam preocupações com a inflação e o risco fiscal do País, além das expectativas pelo resultado, amanhã, do índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos em janeiro, que pode aumentar ainda mais as chances de um aumento nos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em março.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes - operou em queda durante todo o dia, ao redor dos 95,500 pontos. A moeda americana caiu em bloco em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com perdas de mais de 1% ante o peso chileno e ao rand sul-africano, ambos vistos como pares do real.

Pela manhã, as atenções estiveram voltadas ao IPCA de janeiro e à participação do diretor de política monetária do BC, Bruno Serra, em um evento virtual. O IPCA desacelerou de 0,73% em dezembro para 0,54% em janeiro, ligeiramente abaixo da mediana de Projeções Broadcast (0,55%). Foi, contudo, a maior alta mensal para os meses de janeiro desde 2016.

Serra reafirmou a sinalização da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de continuidade do ciclo de alta da Selic depois de março. Ele disse ainda que o ciclo de aperto monetário se estenderá “por um par de reuniões pelo menos" e que a batalha contra a inflação "está longe de estar ganha".

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O economista e estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, ressalta que, embora a perspectiva de uma taxa Selic ainda maior ajude o real, o grande propulsor da queda do dólar por aqui hoje foi o movimento global de fortalecimento de divisas emergentes. "Não vou estranhar se amanhã o dólar se valorizar em comparação a outras moedas. Vai sair a inflação nos EUA, que deve confirmar a necessidade do Banco Central americano subir juros de forma mais rápida", afirma Cruz.

Bolsa 

Em Nova York, o Dow Jones subiu 0,86%, o S&P 500, 1,45% e o Nasdaq, 2,08%. Apesar do forte desempenho do mercado americano, os ganhos do Ibovespa foram afetados pelo recuo forte do setor financeiro. Hoje, Bradesco caiu 8,8%, Itaú, 3,98%, Santander, 2,13%, e Banco do Brasil, 0,87%, com os investidores avaliando o impacto do ciclo local de alta dos juros na carteira de crédito das instituições.

A expectativa pelo balanço do Itaú, que sai amanhã, também afeta as ações do setor, especialmente após o Bradesco encerrar o quarto trimestre de 2021 com lucro líquido recorrente de R$ 6,6 bilhões, queda de 2,8% na comparação com o mesmo período de 2020.

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Na opinião dos analistas Mario Pierry e Flavio Yoshida, as ações do banco continuarão sob pressão nos próximos dias. "Embora esperemos uma reação negativa do mercado aos resultados fracos e às projeções decepcionantes, especialmente após o forte desempenho das ações no acumulado do ano, reiteramos a recomendação de compra pelo perfil de ganhos defensivos", ponderam. 

Na semana, o Ibovespa sobe 0,19% - no mês, avança 0,28% e no ano ganha 7,29%. Entre as demais ações, Petrobras ON e PN subiram 0,09% e 0,38%, na esteira da alta moderada do petróleo no exterior. Impulsionadas pelo desempenho do varejo em dezembroNatura subiu 7,83%. Já as ações da Oi caíram 2,88%, apesar de subirem mais de 11% após o aval do Cade, com restrições, à venda dos ativos para Vivo, Claro e TIM. /ANTONIO PEREZ, MAIARA SANTIAGO E LUÍS EDUARDO LEAL