O presidente da Chesf, Dilton da Conti, disse nesta terça-feira, 20, que o valor da tarifa oferecida para a usina de Belo Monte no leilão foi decidido na última hora já dentro da área de isolamento imposta pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). "Os sócios discutiram isso e chegaram ao valor em consenso já bem na hora de apresentar a proposta", relatou o executivo da empresa com maior participação no consórcio vencedor de Belo Monte, em entrevista exclusiva à Agência Estado.
Ele negou que a companhia tenha decidido sozinha o valor final da tarifa, de R$ 77,97. "Houve discordâncias, mas isso é natural em consórcios", comentou. Segundo Conti, uma das sócias, a construtora Queiroz Galvão teria comentado a possibilidade de deixar o consórcio por ter considerado a tarifa baixa. "Mas ela dizer que vai sair, não significa que de vai deixar de assinar o contrato. Ela está na SPE que venceu o leilão e está comprometida com esta assinatura. Durante este período terá condições de avaliar melhor as condições e analisar se mantém ou não a parceria", disse o presidente da Chesf.
Segundo ele, se a construtora não se mantiver no negócio, a Chesf e suas parceiras vão buscar "quem tem condições e capacidade para construir a obra". Ele rebateu os comentários do mercado e de especialistas, que disseram que necessariamente a Odebrecht e a Camargo Correa deveriam ser contratadas para a realização da obra, já que foram as empresas responsáveis pela elaboração do projeto. "Nós não somos obrigados a contratar ninguém. Vamos decidir quem vai fazer parte deste negócio pela capacidade que a companhia tiver. Esta é a terceira maior usina do mundo. Maior que ela só Itaipu no Brasil. E leva o contrato que tem condições de tocar adiante este empreendimento".
O executivo também foi bastante categórico na defesa da tarifa apresentada pelo consórcio, que além da Chesf e da Queiroz Galvão também é formado pelas empresas Galvão (3,75%), Cetenco (5%), Mendes Júnior (3,75%), Bertin (13,77%), Serveng (3,75%) e J. Malucelli (9,98%). Segundo ele, os empresários, analistas e especialistas do setor que ficaram contra a tarifa sugerida pela Aneel ou mesmo criticaram a proposta da Chesf "estão mal informados e deveriam ter estudado melhor o projeto". Sem informar taxas de rentabilidade ou mesmo a perspectiva de investimento no negócio por "estratégia" própria, Conti argumentou que o negócio "é perfeitamente rentável" para a companhia. "Temos o compromisso de fazer esta empresa ser rentável. Não faríamos a obra se isso não significasse rentabilidade", disse.
Com participação de 49,9% no consórcio, a Chesf deverá ceder parte do negócio para a Eletronorte, a controlada da Eletrobrás que investiu na elaboração do projeto básico para a construção da obra localizada no Rio Xingu. Mas segundo Conti, ainda não há qualquer definição sobre qual será a participação no negócio.
Conti ainda garantiu que o consórcio está disposto a enfrentar para eventuais disputas judiciais que ocorrerem. "As três liminares que foram apresentadas foram derrubadas. Nós temos a licença ambiental. Não há o que temer. Nós estamos preparados para esta batalha se ela for necessária", comentou.