PUBLICIDADE

Publicidade

Concessionária do grupo Águas do Brasil no Rio capta R$ 4,65 bi para pagar empréstimo e investir

Rio+Saneamento é responsável pela distribuição de água em 22 bairros da zona oeste do Rio e outros 18 municípios no interior do Estado; R$ 2,15 bilhões são de empréstimo com o BNDES

Por Gabriel Vasconcelos (Broadcast) e Ana Rita Cunha

RIO E SÃO PAULO - A concessionária de água e esgoto Rio+Saneamento, sociedade do grupo Águas do Brasil e da gestora de fundo de investimentos Vinci Partners, captou R$ 4,65 bilhões por meio da emissão de debêntures (títulos de dívida) e empréstimo junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

PUBLICIDADE

O montante servirá para pagar o empréstimo-ponte que permitiu quitar as duas primeiras parcelas da outorga fixa — pouco mais de R$ 1,8 bilhão do total de R$ 2,2 bilhões devidos ao governo do Rio —, mas também para investimentos na rede que administra.

Desde agosto de 2022, a Rio+Saneamento é responsável pela distribuição de água em 22 bairros da zona oeste do Rio e outros 18 municípios no interior do Estado, onde também acumula recolhimento e tratamento de esgoto. Ao todo, a empresa atende a mais de 2,5 milhões de habitantes no Estado do Rio.

Ao Estadão/Broadcast, o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da companhia, Pedro Paulo Guedes, detalhou que pouco mais da metade do valor captado, R$ 2,5 bilhões, vem da emissão de títulos de dívida em duas séries. A primeira, de R$ 1,35 bilhão, com prazo de 20 anos, e a segunda, de R$ 1,15 bilhão, com prazo de 29 anos. A operação foi conduzida por um sindicato de seis bancos privados (Itaú, XP, BTG, Santander, Bradesco e ABC) e o BNDES.

BNDES forneceu parte dos recursos Foto: FABIO MOTTA/ESTADAO

Já o empréstimo contratado junto ao BNDES é de R$ 2,15 bilhões. O valor será desembolsado gradualmente, em parcelas trimestrais, simultaneamente à realização e comprovação dos investimentos. O contrato com o BNDES prevê que a primeira dessas parcelas pode ou não ser convertida em uma nova emissão de debêntures.

“Com essa captação, a Rio+Saneamento ganha uma estrutura de capital que a habilita para atingir a maturidade da operação nos próximos anos. Isso cobre os investimentos necessários e não vamos precisar ir ao mercado novamente”, diz Guedes. Segundo o executivo, as despesas financeiras com as dívidas serão pagas com as receitas da empresa.

“Estamos em uma posição sustentável de endividamento e isso se reflete nos ratings (classificação de risco)”, afirmou. A emissão de debêntures da Rio+Saneamento foi classificada pela Fitch com rating nacional de longo prazo “AAA(bra)”, o mais alto na metodologia da agência.

Publicidade

Para pagar as primeiras obrigações de outorga, a concessionária havia recorrido a um empréstimo-ponte junto a um sindicato de quatro bancos privados. Na prática, a captação de momento permite refinanciar a dívida inicial, além de deixar recursos para os investimentos futuros.

Também contribui para a boa avaliação de mercado o fato de, na capital, a concessionária não ser a responsável pelo tratamento de esgoto e ampliação dessa rede, que é mais complexa do que a distribuição de água.

“Nosso capex (despesas de capital, necessárias para manter e expandir as operações) é maior no interior do Estado do que no Rio (capital). Então é um capex mais simples, porque só tem esgotamento em municípios pequenos do interior. Na capital, o foco é menor que o de outras concessionárias, está restrito à distribuição de água e eficiência. É um foco mais simples, do ponto de vista de complexidade”, afirma Guedes.

Estratégia

A estratégia da Rio+Saneamento é no curto prazo priorizar o capex comercial, em especial voltado ao recadastramento de usuários. Depois vem o capex de redução de perdas. Como meta da área comercial, a empresa planeja passar de uma cobertura cadastral de aproximadamente 75% para 95%.

“Esse investimento é prioritário porque tem um retorno mais imediato de geração de receita”, diz Guedes.

O executivo informou que, em 2024, a perspectiva é dobrar o volume de investimentos realizados em 2023, elevando esse esforço de R$ 150 milhões para mais de R$ 300 milhões, montante que tende a aumentar nos próximos anos.

Primeiras obras

Guedes diz que, em pouco mais de um ano e meio de operação, a Rio+Saneamento focou investimentos emergenciais na rede, além de melhorias estruturantes antes de iniciar, de fato, a expansão da rede prevista no contrato de 35 anos com o governo fluminense.

Publicidade

O principal foco de investimento, detalhou, foi o sistema do município de Rio das Ostras, na Região dos Lagos, que é o segundo maior da concessão e convive com um problema crônico de falta d’água. A estação de tratamento que atende ao município será ampliada, além da chegada de uma nova adutora, ambas intervenções a serem concluídas nos próximos meses. Na capital, o foco foi o bairro de Guaratiba, na zona oeste, além da abertura de novos centros de controle das operações.

Alinhados ao Marco Regulatório do Saneamento Básico, os termos do contrato preveem 99% da população da área de concessão com água encanada e 90% com esgoto tratado, em prazo de 11 anos, conforme planejado pela Rio+Saneamento. As metas começam a ser acompanhadas a partir do terceiro ano de concessão, portanto, em 2025.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.