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Fundo americano notifica credores da Atvos e tenta barrar troca de controle da empresa

Lone Star, que controla a empresa, também questionou a RK Partner e a Novonor sobre pauta da reunião que ocorrerá hoje e que pode trazer o fundo Mubadala como acionista

Foto do author Fernanda Guimarães
Por Fernanda Guimarães
Atualização:

Atual controlador da gigante sucroalcooleira Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial), o fundo norte-americano Lone Star deu uma nova cartada na tentativa de barrar um acordo que, se concretizado, culminará na troca de controle da empresa para o fundo Mubadala Capital, de Abu Dhabi. Dessa vez, o fundo notificou todos os credores da empresa, a Novonor (ex-Odebrecht) e a RK Partners, assessor financeiro da empresa, sobre um acordo que poderá selar o futuro da empresa e troca de controle às vésperas da reunião que está marcada para acontecer nesta quarta-feira, 28, apurou o Estadão.

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Por trás do imbróglio está a batalha do Lone Star de evitar a entrada do Mubadala no capital da Atvos. Isso porque, pelo acordo desenhado com os credores, o fundo verá sua participação diluída, deixando de ser controlador da Atvos após a conclusão da operação. O fundo vem argumentando que essa operação societária é desnecessária e reduziria o valor da dívida mantida por seus credores. Além disso, não teria havido consulta à administração da Atvos e também não teria levado em conta seu atual momento financeiro. Procurado, o Lone Star preferiu não comentar.

Pelas tratativas em curso, o Mubadala passaria a deter 31,5% da Atvos, em troca de um aporte de R$ 500 milhões na empresa. Os bancos credores, que incluem Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES, ficariam com uma participação de 60% na empresa. O fundo americano Lone Star e a Novonor (ex-Odebrecht), dividiriam uma fatia de 3,5%. Ricardo K., executivo conhecido por recuperar empresas, também terá uma pequena participação.

A Atvos é a antiga Odebrecht Agroindustrial Foto: JF Diorio/Estadão

Nas notificações enviadas ao Banco do Brasil e BNDES, que juntos detêm cerca de 70% da dívida de R$ 12 bilhões da Atvos, o Lone Star pede uma série de esclarecimentos sobre a razão do acordo com o Mubadala. Solicita, ainda, acesso a eventuais estudos que embasaram a decisão pelo acordo e o motivo pelo qual os bancos públicos não terem buscado um processo competitivo para a troca do controle do grupo. O fundo pede, ainda, atas de reuniões em que o acordo teria sido negociado e questiona o motivo de os bancos públicos terem interesse em um acordo que piorou as condições do crédito a ser recebido pela empresa, conforme fontes. Reitera, por fim, que poderá buscar ressarcimento a eventuais prejuízos, tantos dos bancos, quanto de seus representantes.

Em outra notificação, destinada a todos os bancos credores e à qual o Estadão teve acesso, o fundo disse que sua tentativa é de buscar entender a razão para que os credores aceitem um acordo que piora as condições dos créditos a serem recebidos, exatamente em um momento em que a empresa estaria recuperada, gerando caixa, podendo, assim, pagar sua dívida conforme o previsto em seu plano de recuperação judicial. O Lone Star, dentre outros pontos, pede acesso às razões para a definição do acordo e se houve algum tipo de benefício que será concedido aos credores com o acordo e que não tenha se tornado público.

Já uma terceira notificação foi encaminhada ao assessor da Atvos, a RK Partners, que pelo acordo ficará com 5% da empresa, como pagamento por seus serviços. Dentre uma série de questionamentos, o Lone Star pergunta as razões para o recebimento em uma participação da empresa. Pergunta também se a consultoria participou das negociações para a celebração do acordo com o Mubadala e, se sim, “a interesse de quem”.

Por fim, o último notificado foi a Novonor, questionando mais especificamente se houve alguma contrapartida do grupo aos credores pela liberação das garantias dadas pela Odebrecht e que seriam liberadas após a conclusão da operação societária.

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Uma outra notificação teria sido enviada pela própria Atvos aos bancos, informando que pretende realizar um processo organizado de venda, para ser competitivo. Até o momento a reunião está mantida, disseram fontes.

O assunto já era para ter sido resolvido há cerca de duas semanas, mas a reunião terminou sem um desfecho, sendo postergada para esta quarta-feira.

O fundo americano Lone Star chegou ao controle da Atvos em 2020, quando a empresa já estava em recuperação judicial, após uma decisão da Justiça. No mesmo ano, o fundo havia comprado o controle da Atvos do banco Natixis, que tinha executado as ações que os bancos credores da Odebrecht detinham em alienação fiduciária, por meros R$ 5 milhões.

Procurados, o Santander, Itaú Unibanco e RK Partners não responderam até o fechamento desta reportagem. BB disse que não comenta negociações em curso. Novonor, BNDES e Bradesco disseram que não comentariam o assunto.

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