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Brasil vai incentivar a produção de lítio e de baterias para carros elétricos

Ministro do Minas e Energia afirma que, num primeiro momento, incentivos serão direcionados à pesquisa e desenvolvimento, e depois à produção

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Por Cleide Silva
Atualização:

BRASÍLIA - Apesar de admitir que o mercado brasileiro deve adotar, em maior escala, a produção de carros híbridos flex em seu processo de descarbonização até que os elétricos tenham preços mais acessíveis e o País tenha infraestrutura de recarga, governo e montadoras trabalham na atração de fabricantes de baterias e de exploração de lítio, uma das principais matérias-primas para as baterias.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que “o governo irá incentivar, e não apenas pela área fiscal, a produção local de baterias”. Ele explicou que a medida será feita em duas fases. “A primeira é sobre os incentivos à pesquisa e desenvolvimento, e a segunda sobre a produção propriamente dita”.

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Silveira participou nesta quarta-feira, 14, de seminário promovido em Brasília pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), com o tema “Conduzindo o futuro da eletrificação no Brasil”, que recebeu mais de 700 inscrições de participantes.

Realizado durante todo o dia no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o evento reuniu executivos da maioria das montadoras, das fabricantes de autopeças, do setor de revenda de veículos e membros de vários ministérios, como o de Desenvolvimento e Meio Ambiente. Teve também a participação de consultores e do presidente da Oica (organização internacional dos fabricantes de veículos), John Bozella.

De acordo com Silveira, o “PL do combustível do futuro”, que vai regulamentar a integração das políticas de descarbonização no País, está em fase final de análise na Casa Civil e será enviado para a Câmara na próxima semana.

O PL contempla parte do programa Rota 2030, direcionado ao setor automotivo, e inclui incentivos fiscais para investimentos em energia limpa e metas para o processo de descarbonização, inclusive para o setor de aviação.

Carros elétricos expostos em evento organizado pela Anfavea Foto: Cleide Silva/Estadão

Na cadeia de eletrificação, há empresas trabalhando na “segunda vida das baterias”, após o prazo de cerca de 10 anos em que precisam ser precisam ser substituídas nos automóveis. Elas podem ser usadas, por exemplo, na geração e distribuição de energia, segundo o diretor da Weg, Daniel Godinho. “Também há várias empresas entrando no ramo de reciclagem, ou seja, em uma “terceira vida das baterias”, eliminado assim mais uma preocupação (da sociedade)”.

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Produção de lítio

O ministro de Minas e Energia destacou também que o governo vai incentivar a extração de lítio, fundamental para a eletrificação da frota brasileira. “Podemos tornar nosso País um hub de produção de baterias, principalmente na região do Vale do Jequitinhonha”, em Minas Gerais.

Ana Cabral-Gardner, CEO e co-presidente do Conselho da Sigma Lithium, disse que o lítio produzido pela empresa no Vale do Jequitinhonha neste ano, é suficiente para 700 mil carros elétricos. A produção prevista para 2024 pode ser usada em 1,6 milhão de veículos e a de 2025 em 3 milhões.

“Com a escala que temos aqui, o Brasil pode ser fornecedor de insumos para células de baterias que podem ser produzidas em qualquer país”, disse a executiva. Em sua opinião, não é preciso subsídios, mas políticas públicas que agilizem e facilitem os projetos do capital privado.

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