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Montadoras preveem alta de 4,7% na produção e de 7% nas vendas de veículos em 2024

Setor espera anúncio do programa automotivo Mover para os próximos dias para definir futuros investimentos em veículos eletrificados

Foto do author Eduardo Laguna
Foto do author Cleide Silva
Por Eduardo Laguna (Broadcast) e Cleide Silva
Atualização:

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) anunciou nesta quinta-feira, 7, projeções para o desempenho do setor em 2024 que apontam um crescimento de 4,7% da produção.

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Se confirmadas, a indústria produzirá 2,47 milhões de veículos, voltando a crescer após a queda deste ano, porém mantendo-se em nível ainda distante do patamar superior a 2,9 milhões de unidades de antes da pandemia e da crise, já superada, de abastecimento de componentes eletrônicos.

Apesar da tendência de desaceleração econômica, as previsões da Anfavea têm como premissa a queda das taxas de juros, em conjunto com a perspectiva de melhora da confiança do consumidor.

Durante a divulgação dos resultados de novembro do setor, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, disse que a expectativa para a produção é de uma “pequena melhora” em relação a 2023 e se deve, principalmente, ao crescimento do mercado interno.

Produção de veículos neste ano deve ser 0,5% menor em relação a 2022 Foto: Cleide Silva/Estadão

Pelos prognósticos da Anfavea, as vendas de veículos no Brasil, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, devem subir 7% no ano que vem, chegando a 2,45 milhões de unidades.

Só as vendas de carros eletrificados - híbridos ou puramente elétricos - devem chegar a 142 mil unidades, por volta de 6% do total, com crescimento de 61% frente ao volume de 2022, que foi de 88,8 mil unidades.

Apesar da volta do imposto de importação para carros movidos a energia elétrica, a entidade leva em conta na previsão o lançamento durante o ano de carros eletrificados por três montadoras tradicionais do País, além do início da produção local da chinesa GWM em Iracemápolis (SP).

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“O ano não vai ser marcado por restrição nesse segmento”, pontuou Leite. Já em relação às exportações, a previsão ´de crescimento mais modesto - de 2%, para 407 mil veículos em 2024 - em razão, sobretudo, da tendência de esfriamento das compras da Argentina com a desvalorização do peso.

Neste ano, a produção de veículos caminha para terminar um pouco pior do que o esperado pelas montadoras, apesar do crescimento do consumo de automóveis. Segundo previsão atualizada pela Anfavea, a três semanas do fim do ano, 2023 deve fechar com queda de 0,5%, com 2,36 milhões de unidades.

Mais uma vez, Leite apontou hoje perda de espaço das exportações e do mercado interno principalmente para a China. Segundo ele, isso ocorre não só no Brasil, mas nos mercados vizinhos. Isso explicaria por que a produção cai apesar do crescimento das vendas.

As vendas de veículos no Brasil devem terminar 2023 em 2,29 milhões de unidades, com crescimento de 8,8%. Isso é mais do que os 3% e 6% previstos, respectivamente, em janeiro e outubro. No entanto, 15% dos carros vendidos neste ano são importados, a maior parte pelas próprias marcas com fábricas no País para complementar a oferta.

Com o ritmo de vendas ganhando tração, os estoques caíram. Agora são 251,5 mil veículos nos pátios de fábricas e concessionárias, uma diminuição de 12 mil unidades em um mês e número suficiente para cobrir 36 dias de venda.

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Novas tecnologias

O presidente da Anfavea assinalou que aguarda, para os próximos dias, a publicação do programa Mobilidade Verde (Mover), antigo Rota 2030, que trará as novas diretrizes para as emissões dos automóveis, assim como um programa de incentivos para pesquisa e desenvolvimento (P&D) no setor.

Essas diretrizes serão levadas em conta na definição dos novos projetos das empresas, por exemplo para a produção de veículos eletrificados. “O governo precisa nos apoiar com a publicação, pois não podemos esperar mais, já que o atual programa vence no fim do mês”, disse Leite. “Precisamos ter o marco regulatório pois do setor para definir investimentos com as matrizes das empresas e também com os acionistas.”

Em carta endereçada no mês passado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao vice-presidente Geraldo Alckmin, ao ministro da Fazenda Fernando Haddad e ao ministro da Casa Civil Rui Costa, a Anfavea e mais duas entidades afirmaram que uma eventual interrupção da política automotiva “comprometerá os investimentos previstos em toda a cadeia, e impactará as operações do setor que, desde a pandemia, tem encontrado dificuldades em retomar seu pleno potencial”.

Assinada também pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e pela Associação de Engenheiros Automotivos (AEA), a carta assinala que a rápida publicação do Mover “será um marco importantíssimo para o anúncio de novos investimentos do setor que aguarda ansiosamente para ajustar e liberar os aportes.”

O secretário de desenvolvimento industrial do Ministério do Desenvolvimento (Mdic), Uallace Moreira, afirmou nesta semana que o programa deve ser anunciado na próxima quarta-feira, 13. O setor, contudo, teme novo atraso já que o anúncio vem sendo cancelado mês a mês desde agosto.

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