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Muffato, do Paraná, chegará a São Paulo neste ano com rede de atacarejo após compra da Makro

Primeira unidade da Max Atacadista será no Butantã; empresa enfrentará concorrência do Assaí, Giga Atacado, Atacadão e Roldão

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Por Lucas Agrela
Atualização:
Foto: Divulgação/Muffato/Antônio Neto
Entrevista comEderson MuffatoDiretor do grupo Muffato

A paranaense Muffato comprou 16 das 24 lojas da Makro no País em janeiro, além de 11 postos de combustíveis. Após a aprovação do negócio e a desmobilização das operações nas unidades, a empresa iniciou obras de transformação dos imóveis, abriu nesta semana a primeira unidade em São José dos Campos e prevê ter todas as lojas em funcionamento até o fim deste ano, inclusive em São Paulo, sob a bandeira Max Atacadista, marca de atacarejo da companhia.

Em entrevista exclusiva ao Estadão, Ederson Muffato, que lidera a empresa ao lado dos irmãos Everton e Eduardo desde 1996, conta que a primeira unidade na capital paulista será no Butantã. O valor da operação de compra da Makro não foi revelado, mas, segundo interlocutores do mercado, o preço pedido era de R$ 2 bilhões. “Não compramos todas as unidades para reduzir o valor do cheque”, diz Muffato.

Fundada em 1974 por Tito Muffato, morto em um acidente de avião em 1996, a companhia paraense enfrentará a competição de atacarejos como Assaí, Atacadão, Giga Atacado e Roldão na capital paulista e também no interior do Estado, ao chegar a cidades como Campinas e Sorocaba.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Unidade da Max Atacadista em São José dos Campos é a primeira loja da Makro aberta após aquisição Foto: Divulgação/Muffato/Ralph Willians

Qual será o plano de expansão da Muffato após a compra da Makro?

Das 13 novas cidades, a primeira é em São José dos Campos. Fora isso, temos uma nova unidade em Campo Largo, região metropolitana de Curitiba. Foram duas grandes inaugurações de atacarejos no mesmo dia, neste começo de mês. Assinamos o negócio com o Makro em janeiro, com fechamento no último dia de julho, após a aprovação do Cade. Como são muitos ativos, houve complexidade para o Makro fechar as lojas, fazer a desmobilização e todas as regularizações. Junho era a data limite prevista, mas acabou atrasando um pouco mais. Nesse meio tempo, corremos atrás de montar times de logística, marketing e recursos humanos. Buscamos aprovações com prefeituras, fizemos projetos de reforma e transformação das unidades do Makro que compramos. Agora, todas as 16 lojas estão em obras.

Todas as unidades da Makro serão convertidas em lojas da Max Atacadista ou terão a bandeira Muffato?

Todas as unidades serão Max Atacadista. Escolhemos isso pelo perfil dos pontos e pela estrutura dos imóveis.

O segmento de atacarejo é o principal da Muffato hoje?

Temos todos os modelos de lojas, o tradicional, o gourmet, o hiper compacto e o atacarejo. Hoje, o peso do varejo e do atacarejo no nosso negócio é meio a meio. Com a aquisição da Makro, a balança deve pesar mais para o lado do atacarejo e ele se tornará mais relevante na nossa organização. Na última década, o modelo do atacarejo tomou o papel do hipermercado, por seu modelo de custos. Ele ainda cresce mais do que o supermercado, mas não é mais o crescimento que vimos entre 2017 e 2021. A aceleração forte desse modelo de loja aconteceu porque era novidade, especialmente em cidades pequenas. Porém, o atacarejo ainda é nosso vetor de crescimento.

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Começar pelo interior de São Paulo é uma estratégia para chegar à capital paulista com a operação já ajustada?

Sim, houve esse planejamento. Mas a cidade foi escolhida, além de ser um polo de tecnologia, porque era a loja mais nova do Makro. Ela foi a que menos precisou de investimento, apesar de termos mudado muitas coisas.

A chegada a São Paulo será ainda em 2023?

Sim. Estamos trabalhando para que todas as lojas transformadas do Makro sejam inauguradas neste ano. A primeira será no Butantã. Entre outubro, novembro e dezembro, teremos praticamente uma inauguração por semana.

A meta é capturar as vendas de fim de ano, impulsionadas pelo décimo terceiro salário?

Sim. Desde janeiro, a meta é virar o ano com todas as lojas inauguradas. Pode haver um ou outro atraso, mas essa é a meta.

Primeira loja da Max Atacadista, da Muffato, em São José dos Campos Foto: Divulgação/Muffato/Vítor Reale

A Muffato manteve pessoas do time do Makro nas lojas?

Algumas pessoas, sim. Mas boa parte é um time novo. Nas lideranças, selecionamos pessoas nossas, que já têm a nossa cultura e conhecem nosso modus operandi. Abrimos um centro de distribuição novo na região de Itupeva, montamos uma segunda área comercial na capital paulista e temos um time forte. Temos expectativa de contratar, no total, 3 mil pessoas para as lojas do Makro que compramos. Chegaremos a mais de 21 mil funcionários. Ao mesmo tempo, não reduzimos o ritmo de lançamentos das nossas lojas. Por isso, vamos inaugurar de 18 a 19 lojas nossas em 2023.

Em quantas cidades a Muffato estará presente após a aquisição das unidades do Makro?

Hoje, são 40. Serão 53 cidades após todas as inaugurações.

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Os custos de conversão das lojas estão dentro do planejado ou houve aumento?

Os custos estão dentro do que esperávamos. Cada loja custa entre 40% e 50% do que gastaríamos na criação de uma loja do zero. Estamos colocando paredes com vidro e cobrindo o estacionamento das unidades.

Estão planejados novos pontos de distribuição para atender à capital?

Temos mais de 40 mil m² de centro de distribuição. Entramos em Presidente Prudente em 2003. Então, o Estado não é novidade pra gente. São José do Rio Preto tem as nossas três bandeiras, a Muffato, a Gourmet e a Max Atacadista. Estamos também em Catanduva, Fernandópolis, Ourinhos, Assis e Birigui. Temos conhecimento da operação no Oeste e no Noroeste do Estado paulista. Claro que faltava Campinas, Piracicaba, São Paulo, Vale do Paraíba e Sorocaba.

Hoje, o cenário do atacarejo é competitivo, especialmente na cidade de São Paulo. Qual é o plano para atrair consumidores para as novas lojas?

Todas as cidades que adentramos agora são grandes, com régua alta de qualidade e muita competição. Temos um modelo inovador de atacarejo, com serviços e uma pegada de tecnologia, com Wi-Fi e caixa de autoatendimento nas lojas. Em São José dos Campos, por exemplo, o mix de produtos é muito maior do que antes. Aceitamos com todos os meios de pagamento. Não vamos abrir em um primeiro momento, mas a maioria das lojas têm postos de combustíveis. Essa combinação já é usada em muitas lojas do Paraná. Fora isso, faremos investimentos em marketing. Após uma pesquisa de mercado, contratamos o apresentador Galvão Bueno como nosso garoto-propaganda. Ele será nosso porta-voz na chegada a São Paulo, ao ABC e outras cidades. Faremos também muito investimento em mídia digital, televisão e em redes locais. Fora isso, teremos produtos e marcas regionais nas nossas lojas.

Por que algumas unidades da Makro ficaram de fora da aquisição?

A negociação foi longa. Inicialmente, negociamos todo o pacote. Depois, a negociação foi e voltou e, por conservadorismo nosso, porque já era um movimento gigante, resolvemos fazer uma aquisição menor. Principalmente, em outras palavras, a gente quis diminuir o tamanho do cheque. Fizemos um mapeamento das lojas e abrimos mão de algumas unidades por questão de estratégia.

A Muffato abriu a primeira loja autônoma do Brasil em Curitiba, em novembro do ano passado, aos moldes da loja Amazon Go, nos Estados Unidos. Há planos de ampliar essa operação?

Quem chega primeiro paga o preço da novidade Nosso sistema sempre funcionou muito bem, mas fomos melhorando. O sistema tem aprendizagem de máquina e vai se aperfeiçoando. Fomos a uma loja da Amazon nos EUA recentemente e as compras chegam a levar de 30 a 40 minutos para serem registradas. O nosso sistema faz isso em 6 minutos. Vamos abrir uma segunda unidade da loja autônoma em Curitiba. Mas ainda não temos data de inauguração.

Mais lojas ou aquisições estão previstas para 2024?

Vamos voltar aos lançamentos de lojas novas. Alguns planos ficaram paralisados por causa da aquisição da Makro, então, no ano que vem, vamos voltar ao crescimento orgânico. Não descartamos aquisições. Estamos abertos a oportunidades que possam aparecer.

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