PUBLICIDADE

Sequestro de dados é uma das táticas mais perigosas

Criminosos vêm investindo em discrição para, muitas vezes, passarem meses dentro do sistema de uma empresa

Por Estadão Blue Studio
Atualização:

Se antigamente os criminosos virtuais se gabavam de invadir um portal e deixar uma mensagem informando que estiveram ali, hoje, o perfil dos ataques digitais mudou por completo. A intenção é se logar em sistemas e bancos de dados de grandes corporações da forma mais discreta possível, por meio de golpes de engenharia social contra colaboradores, permanecendo ali por meses, monitorando o tráfego e desviando informações e dados. Tudo isso é criptografado pelos hackers e na maior parte das vezes é cobrado um resgate, com o pagamento sendo exigido tipicamente em criptomoedas, que são bem mais difíceis de rastrear. É o chamado ransomware, ou sequestro de informações.

PUBLICIDADE

Segundo especialistas em segurança digital, esse golpe é especialmente temido pelas organizações porque não há garantia alguma de devolução dos dados para os donos em caso de o pagamento exigido ser feito. “Analisando o comportamento dos criminosos, fica cada vez mais claro que visam garantir que a extorsão vai dar certo”, afirma Fabio Assolini, diretor da equipe global de Pesquisa e Análise da Kaspersky para a América Latina. “Por isso, a fase do planejamento do ataque está cada vez maior. Já identificamos grupos que chegam a infectar o alvo e decidem não realizar o bloqueio no último minuto, caso eles vejam que a invasão não vai gerar lucro.” De acordo com o executivo, quando se trata de proteção contra esse tipo de malware, prevenir é melhor do que remediar.

“Para isso, são necessários um olhar sempre atento e softwares de segurança certos, além de verificações de vulnerabilidade que ajudem a encontrar intrusos em seu sistema”, diz. Caso a empresa seja infectada por um malware desse tipo, existem algumas formas de remediar. A principal delas é contar com um backup atualizado e completo de todos os sistemas e aplicações, o que é considerado a última “linha de defesa” contra esse golpe.

O problema é quando o ransomware também afeta o backup. O relatório Ransomware Trends Report 2022, produzido pela Veeam, que ouviu mil líderes de TI de empresas atacadas, mostrou que 72% das organizações tiveram ataques parciais ou completos também em seus repositórios de segurança, impactando a capacidade de recuperar dados sem o pagamento do resgate. Outra informação da pesquisa mostrou que 76% dos executivos afirmaram que as empresas pagaram o resgate, mas em 24% dos casos os dados não foram recuperados.

“Uma forte estratégia moderna de proteção de dados estabelece que a organização nunca pagará o resgate, mas fará todo o possível para se remediar de ataques”, afirma Danny Allan, CTO da Veeam. Para ele, pagar não deve ser estratégia, pois não há garantias, os riscos de danos à reputação e a perda de confiança do cliente são altos e deixam uma sensação de que o crime compensa.

Sérgio Neves, Leader Public Sector da Trend Micro Brasil, chama a atenção para o fato de o Brasil figurar como um dos países mais vulneráveis a ataques de malware. E, nas infovias brasileiras, assim como em todo o mundo, o setor governamental é o alvo número 1 dos criminosos. Ao lado dos segmentos de educação, mercado financeiro, seguros e varejo.

“O governo é um agente importante de transformação digital e social, além de tratar um grande volume de informações, o que representa oportunidades muito lucrativas para os invasores”, analisa. “Os órgãos públicos precisam modernizar suas estruturas, adotando arquiteturas mais avançadas de segurança cibernética”, explica Neves.

Publicidade

Man in black hoodie using smartphone and try to to unlock password for hacker in computer security system and financial technology malware concept. Foto: Dilok Klaisataporn

Brasil é um dos maiores alvos mundiais de malware

No último mês de agosto, a empresa de proteção digital e cibersegurança Trend Micro divulgou o relatório Fast Facts, que mostrou um total de mais de 12 bilhões de ameaças cibernéticas em apenas um mês no mundo, além de um acumulado de 109 bilhões e 504 milhões de ataques nos oito primeiros meses do ano. A prática dos casos de ransomware registrou um aumento significativo.

O Brasil continua sendo um dos países mais vulneráveis a ataques digitais, ocupando o terceiro lugar no ranking de nações mais atingidas por malwares. A lista foi liderada em agosto pelo Japão (30,1%), seguido dos Estados Unidos (17,3%). Os TOP 5 ainda têm Índia (3,9%) e Austrália (3,7%) depois do Brasil – que ainda é o quarto do mundo que mais acessa URLs maliciosas.

Analisando o avanço do ransomware, os pesquisadores descobriram ainda outra tendência preocupante: o crescimento constante de ataques contra pequenas e médias empresas (PMEs), enquanto o segmento enterprise, das grandes corporações, registra um declínio.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.