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‘Nossa única opção é sair da cidade'

Esse é o sonho dos jovens de Bom Jesus da Serra e daqueles que não têm a sorte de passar num concurso

Por Renée Pereira
Atualização:

BOM JESUS DA SERRA (BA) - Quem não teve a sorte de passar num concurso ou contatos para ter alguma nomeação da prefeitura sonha em sair de Bom Jesus da Serra. “Já procurei de tudo, de faxineira a balconista, mas ninguém dá emprego”, diz Marli Silva, que morava em São Paulo com o marido. Por causa da crise que assola o País, a família não aguentou pagar aluguel na cidade grande, fez as malas e voltou para Bom Jesus da Serra, onde tem casa própria. “Mas meu sonho é voltar para São Paulo e arrumar um emprego”, diz a moradora, que tem vivido de Bolsa Família.

Gabriela, Sirlândia e Daliane querem sair de Bom Jesus da Serra para estudar Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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O sonho de Marli é o mesmo de vários jovens que sofrem com a falta de oportunidades na cidade. As estudantes Gabriela Meira Medrado, Daliane de Jesus Santos e Sirlândia Santos, todas de 16 anos, não veem grandes perspectivas de futuro em Bom Jesus da Serra. “As opções são muito limitadas. A única é deixar a cidade para fazer uma faculdade e arrumar um emprego”, diz Sirlândia. Indagadas se os pais de alguma delas trabalhavam na prefeitura, foram categóricas: “Imagina, a prefeitura não é para qualquer um”. Os pais das três estudantes trabalham na roça ou na construção.

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Na contramão das estudantes e de Marli, o pernambucano de Serra Talhada José Inaldo da Silva desembarcou na cidade decidido a ficar. Depois de 46 anos de trabalho em São Paulo, ele seguiu o caminho da filha que mora em Bom Jesus da Serra. “Comprei um terreno e quero construir uma casa aqui”, diz ele, que em um ano e meio na cidade não conseguiu nenhum emprego. O jeito foi improvisar uma barraca no coreto da praça para vender balas, doces e pipoca. Estrategicamente, o “negócio” de Silva fica na frente da escola e da creche da cidade. Todos os dias ele chega às 7 horas no coreto e só sai quando o sol se põe. “O bom da cidade é a calmaria. São Paulo é muito agitada.”

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