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O preço da picanha caiu? Confira como está o custo da carne nos supermercados

Vídeos viralizam nas redes sociais com picanha a R$ 34,99 o quilo, mas valor não se refere à tradicional peça preferida dos brasileiros; trata-se de um corte menos nobre

Foto do author Luiz Guilherme  Gerbelli
Por Luisa Carvalho e Luiz Guilherme Gerbelli

Um vídeo que circula nas redes sociais desde a última quarta-feira, 19, viralizou ao mostrar uma suposta queda considerável no preço da picanha. Compartilhada pela deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), a publicação mostra a carne sendo vendida a R$ 34,99 o quilo na rede Garcia Supermercados, de Blumenau, em Santa Catarina. O autor da gravação comemora: “Sabe o que é isso aqui? Eu fiz o L”, diz em referência à eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas a carne mostrada no vídeo é uma peça de picanha fatiada, parte do bovino que não é tão nobre. Diferentemente da picanha real, a fatiada é uma mistura do corte com o coxão duro, parte da traseira do boi mais rígida e com muitas fibras. De qualidade inferior, o produto é encontrado nos mercados a preços mais baixos do que a picanha.

A carne cobiçada é encontrada, atualmente, no dobro do valor da apresentada no vídeo. Nas principais redes de supermercado, os preços variam de R$ 60 a R$ 350 — em versões premium e importadas. No último mês, o preço da picanha até chegou a subir 1,12%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Como estão os preços?

Mas, em 12 meses até junho, o preço da carne apresenta queda. Nesse período, o produto recuou 6,73%, enquanto a picanha teve uma redução mais discreta, de 4,94%.

De forma geral, os preços de carne bovina têm se beneficiado da queda do preço das rações, principalmente das derivadas da soja e do milho.

Em 12 meses, preço da carne acumula queda de 6,73% pelo IPCA Foto: Daniel Garcia/AE

“Há um esfriamento da atividade econômica no mundo”, afirma André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). “O mundo passa por uma persistência inflacionária maior. Não só o Brasil — como outras grandes nações — sobem os juros neste momento, e isso desacelera a demanda e acaba favorecendo uma estabilidade maior dos preços.”

Essa queda recente apurada, no entanto, não representa uma grande devolução da alta observada desde 2020, quando a carne foi uma das principais vilãs da inflação. “Essa estabilidade, hoje, é graças a esse ambiente menos favorável para a demanda e pelas boas safras.”

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E o que esperar?

De acordo com Braz, há riscos para o preço da carne. O primeiro tem a ver com o agravamento do conflito entre Rússia e Ucrânia, e a interrupção da Rússia na participação no acordo de grãos do Mar Negro, que permitia à Ucrânia exportar seus grãos por mar. E o segundo está relacionado com os casos de gripe aviária, que pode provocar um deslocamento do consumo de frango para a carne bovina.

“Pode haver algum comprometimento, mas acho que não vai ser nada num estilo de um choque suficiente para mudar a expectativa de ter uma inflação mais baixa neste ano”, afirma Braz.

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