BRASÍLIA - Candidato à presidência do Senado, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) evitou se comprometer com a privatização da Eletrobrás. A capitalização da estatal (ou seja, a venda de ações na Bolsa) está na lista do ministro da Economia, Paulo Guedes, que prevê a privatização de oito estatais neste ano.
O projeto de venda da estatal está parado no Congresso Nacional. Pacheco, apoiado pelo atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e pelo presidente Jair Bolsonaro, se disse favorável a privatizações no geral, mas não a um "entreguismo sem critério".
No mercado financeiro, as ações da empresa caíram em reação à declaração. Os ativos da Eletrobrás atingiram as mínimas do dia por volta das 13h20, com as ações PNB recuando 5,37% e as ON caindo 4,61%. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o candidato do DEM apontou propostas prioritárias para o Senado a partir de fevereiro, mas fez questão de deixar de fora a privatização da estatal.
A eleição para a presidência do Senado está marcada para o próximo dia 1º. O governo enviou o projeto de venda da empresa em 2019 para a Câmara. No Senado, está uma das principais resistências.
"O foco agora haverá de ser a preservação da saúde pública, um programa social e o crescimento econômico a partir das reformas que sejam necessárias no sistema tributário, a administrativa, as privatizações, não essa da Eletrobrás, mas de um modo geral diminuir o tamanho do estado empresário", disse Pacheco.
O apagão no Amapá aumentou a resistência do Senado à privatização da empresa. "Não vou me comprometer com prazo, isso é um processo de longo e apurado estudo. Não é raciocínio fácil dizer que a Eletrobrás precisa ser vendida. Episódios recentes da vida nacional demonstraram que a iniciativa privada é muito boa, mas por vezes não tem compromisso social que o setor público tem."
Privatizações
Pacheco se apresentou como um parlamentar favorável a privatizações de um modo geral. Além da Eletrobrás, o governo estuda um programa para os Correios. "Mas não pode ser entreguismo sem critério num momento de muita dificuldade econômica porque, se não, vira uma gota de água na chapa quente do orçamento", declarou o senador.
Para ele, mudanças econômicas precisam ser feitas por meio de medidas como a reforma tributária e a desoneração da folha salarial. "Isso é muito mais inteligente do que entregar o patrimônio nacional a qualquer preço."