A economia brasileira tem condições de fechar 2017 com crescimento, a despeito do cenário político nebuloso. Mas, segundo os economistas vencedores do Prêmio Broadcast Projeções de 2016, a alta deve ser modesta: de cerca de 0,60%. Eles não descartam, porém, a possibilidade de nova queda do Produto Interno Bruto (PIB), caso a crise política se agrave a ponto de provocar uma ruptura e impeça a aprovação das reformas, em especial a da Previdência.
A expectativa dos analistas ainda é de que a reforma previdenciária seja aprovada, mesmo que de forma “desidratada”. Se não ocorrer na atual gestão, muitos seguem esperançosos de que o próximo governo será reformista e dará andamento ao projeto de ajuste das contas públicas. Os agentes confiam que a inflação de 2017 fechará abaixo do centro da meta de 4,5%, dando espaço para a queda da taxa básica de juros.
Depois da alta de 1% do PIB no primeiro trimestre, o economista-chefe do Banco do Brasil, Élcio Gomes Rocha, vencedor do Prêmio Broadcast Projeções de 2016, na categoria Top 10 Básico, considera que a volta do PIB para o campo positivo não é tão desafiadora. Após cair 3,6%, conforme dado original, cálculos de Rocha mostram que se o PIB do segundo trimestre ficar com taxa zero e depois o crescimento médio trimestral ficar em 0,30%, a economia deve subir 0,50% em 2017.
Ainda que se possa ter alguma visão de que no final haverá um resultado positivo por conta da aprovação das reformas, Maurício Molan, economista-chefe do Banco Santander, que ficou em terceiro lugar no Top 10 Geral, ressalta que o fato é que o campo continuará minado. “Há muitas incertezas relacionadas ao quadro político.” Além disso, diz Molan, temas relacionados à China e à tendência de normalização monetária nos Estados Unidos são fatores de riscos importantes.
As dúvidas em relação ao quadro político também trazem cautela ao economista Leonardo Sapienza, do Banco Votorantim, vencedor do Prêmio Broadcast Projeções de 2016 na categoria Top 10 Geral e quinto lugar no Top 10 básico. Ele estima alta de 0,50% para o PIB em 2017, mas pondera que há risco de o crescimento ser menor. “Obviamente que o viés na projeção é para baixo, diante do aumento do prêmio de risco dos CDS. O cenário vai depender do quanto mais rápido forem resolvidas essas incertezas.”
Desafio. O economista Alexandre Batista Ferreira, da Caixa Econômica Federal, que conquistou o segundo lugar nas duas categorias (Top 10 Geral e Básico), afirma que não se pode minimizar os avanços alcançados pela economia brasileira recentemente. “O País tem um considerável estoque de reservas internacionais, que o coloca como credor externo líquido, além de apresentar déficit reduzido em transações correntes e amplamente financiado pela entrada de investimentos diretos.” /MARIA REGINA SILVA, FRANCISCO CARLOS DE ASSIS E THAÍS BARCELLOS
“Tem muitas incertezas relacionadas ao quadro político”Maurício Molan
ECONOMISTA-CHEFE DO SANTANDER BRASIL