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Para líderes da base, adiamento da reforma da Previdência para 2018 inviabiliza votação

A avaliação é de que a proximidade com as eleições de outubro do próximo ano aumenta a resistência dos parlamentares, que temem desgaste eleitoral

Por Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - Contrariando o discurso otimista do governo, lideranças de partidos da base aliada avaliam que o adiamento da votação da reforma da Previdência para fevereiro de 2018 reduz as chances de aprovação da proposta. A avaliação é de que a proximidade com as eleições de outubro do próximo ano aumenta a resistência dos parlamentares, que temem desgaste eleitoral.

Governistas acreditam que somente a propaganda a favor da reforma tem o poder de mudar esse cenário, desde que atinja o efeito esperado pelo governo de diminuir a rejeição da população e, consequentemente, dos deputados à proposta. 

++Para aprovar a reforma da Previdência, governo deve ceder à pressão de servidores públicos

'Se não consegue (votar) este ano, imagina no próximo, que é ano eleitoral. Esqueça', disse o primeiro vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG). Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Nesse cenário, veem ainda como determinante uma sinalização mais forte do Senado de que votará a reforma e que o texto aprovado pelos deputados não será alterado pelos senadores, para não ter de retornar à Câmara.

O Placar da Previdência, elaborado pelo Estado, aponta que 247 deputados são contrários ao texto da reforma, mesmo depois das modificações feitas pelo governo para conseguir apoio

São necessários 308 votos para aprovar a proposta em dois turnos na Câmara, mas apenas 73 deputados se dizem a favor. Outros 193 deputados se declararam indecisos ou não quiseram abrir o voto.

"Esqueça Previdência para o próximo ano. Se não consegue este ano, imagina no próximo, que é ano eleitoral", disse o primeiro vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG). 

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INFOGRÁFICO Entenda a reforma da Previdência

A opinião é compartilhada pelo líder do PR na Casa, deputado José Rocha (BA), que comanda o quarto maior partido da base, com 37 deputados. "Esqueça previdência em ano eleitoral", declarou.

Para Paulo Abi-Ackel (MG), vice-líder do PSDB na Câmara, o "ideal" teria sido votar neste ano, para aproveitar o "clima" favorável. "O parlamentar chega do recesso frio. Agora só haverá um clima igual a esse no pós-eleição", declarou. 

A dificuldade é admitida até mesmo pelo líder do governo no Congresso Nacional, deputado André Moura (PSC-SE). "Deveria votar agora. É difícil votar perto da eleição", afirmou.

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Os parlamentares ponderam, contudo, que o tempo pode correr a favor da matéria. "A eleição pode prejudicar de um lado, mas, do outro, a opinião pública vai ter mais tempo para conseguir compreender o relatório", disse Moura. 

"A propaganda do governo está surtindo efeito e pode ajudar a convencer a população sobre a necessidade da reforma. Isso ajuda o deputado a mudar o voto", avaliou Danilo Forte (DEM-CE).

Além da propaganda, deputados cobram uma posição mais firme do Senado. "O Senado tem de sinalizar que vai votar. Isso é fundamental. Como vou colocar meus deputados para votar se o Senado vai botar o pé?", afirmou o líder do PRB na Câmara, Cleber Verde (AM). 

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"Não tenha dúvida de que é ruim uma Casa dizer que vota e a outra, não", reconheceu o líder do PP, deputado Arthur Lira (AL), que comanda a segunda maior bancada da base, com 46 deputados.

Para o líder do Solidariedade, deputado Áureo (RJ), é preciso que o texto a ser votado pelos deputados seja combinado previamente com o Senado, para não ter de retornar para a Câmara, gerando novo desgaste. 

Mesmo já tendo declarado voto contra a reforma, ele acredita que, se houver essa sintonia, o governo tem mais chances de vitória. "Tem de sincronizar as duas casas. Já passaria um texto ajustado, que não precisa outra votação na Câmara", disse.

Ao antecipar na última quarta-feira, 13, ao Estadão/Broadcast o adiamento da votação da reforma para 2018, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que a articulação é para que a proposta seja votada de forma "casada" no Congresso Nacional em fevereiro.

Ou seja, os senadores se comprometeriam a votar a matéria logo após ela ser aprovada pelos deputados.

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