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PEC da autonomia financeira do BC não é ‘carta branca’ para fazer o que quiser, diz Picchetti

Mas, segundo diretor da autoridade monetária, ampliação da autonomia vai ajudar na gestão das reservas e está de acordo com as melhores práticas internacionais

Foto do author Thaís Barcellos
Por Thaís Barcellos (Broadcast)

BRASÍLIA - O diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos da autoridade monetária, Paulo Picchetti, afirmou que a aprovação da autonomia fiscal e orçamentária do Banco Central não é uma “carta branca” para o BC fazer o que quiser. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autonomia financeira do BC prevê a transformação de autarquia em empresa pública.

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“O BC, pela proposta, continua vinculado ao CMN (Conselho Monetário Nacional) para definição de vários objetivos estratégicos, não é uma carta em branco para o BC fazer o que quiser, só possibilita fazer o que tem de fazer hoje da melhor forma possível”, disse ele, durante a live do BC sobre reservas internacionais.

Na questão específica das reservas, Picchetti considerou que a PEC tem o potencial de melhorar a gestão de reservas na medida em que dará condições financeiras para os técnicos da autoridade monetária, já de alto nível, buscarem maior especialização - hoje restritas pelo orçamento vinculado à União. “Não há risco nenhum para BC buscar na gestão de reservas interesses que não sejam os melhores para o País.”

Como disse em entrevista ao Estadão/Broadcast, o diretor repetiu que a ampliação da autonomia alinharia o Brasil às melhores práticas internacionais. “Os BCs que melhor cumprem mandatos de garantir poder de compra da moeda e estabilidade financeira tem autonomia operacional, como é o caso do Brasil. Destes, mais de 90% têm autonomia financeira também”, afirmou.

O economista Paulo Picchetti ocupa o cargo de diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos Foto: Piti Reali/FGV

O diretor também argumentou na live que o uso de reservas internacionais para investimentos poderia comprometer a solvência da dívida interna. Além de as reservas serem um seguro contra possíveis problemas externos ou ataques especulativos contra a moeda nacional, Picchetti explicou que foi feito um esforço fiscal para juntar o volume atual e que gastá-lo em investimentos afetaria as contas públicas.

“No caso das reservas, além da questão do seguro, não foi um passo de mágica para (o Brasil) passar de devedor para credor internacional. Foi necessária a emissão de dívida interna para que esses recursos que apareceram do exterior, pelo setor privado exportador, fossem apropriados pelo BC”, disse. “Se usar recursos para fazer investimentos, tem o potencial de comprometer a solvência da dívida interna, o que pode causar uma série de problemas que queremos evitar.”

Considerando o fim de março, as reservas internacionais somam US$ 355,008 bilhões, conforme dados do BC. Picchetti lembrou que o estoque atual começou a ser formado no início dos anos 2000, quando o País aproveitou o boom de commodities para formar um colchão para evitar que problemas pontuais de liquidez virassem um problema muito maior para a economia.

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