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Unificação de impostos via IVA deve ser prioridade para o País, afirma Persio Arida

Um dos ‘pais’ do real e membro da equipe de transição para o governo Lula afirmou ainda, durante seminário, que programas sociais têm de ser mantidos

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Por Cicero Cotrim (Broadcast)
Atualização:

Membro da equipe de transição do governo, o economista Persio Arida afirmou, durante webinar promovido pela Câmara de Comércio França-Brasil, que o provável avanço de uma reforma tributária que unifique impostos sobre consumo em um Imposto de Valor Agregado (IVA) será positiva para a produtividade do País. “Segundo o próprio vice-presidente (eleito, Geraldo Alckmin) já falou publicamente, ela deve ser uma prioridade do próximo governo. E isso é uma ótima notícia”, afirmou.

O economista disse que a discussão sobre a reforma tributária já está amadurecida. Segundo ele, a medida só não foi aprovada ainda por uma oposição pessoal do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao projeto. Arida acrescentou que essa reforma implicaria em ganhos de produtividade, com um sistema tributário mais eficiente. “Se forem feitas essas duas reformas, a reforma do IVA e a abertura da economia para o comércio internacional, nós estamos criando dois fatores que certamente elevarão muito a produtividade brasileira.”

O Auxílio Brasil, com esse volume de dinheiro, pode ser melhor focado, é evidente. Mas é um passo importante. Temos de cuidar dos mais pobres e eliminar a pobreza absoluta no Brasil”

Persio Arida, economista

Ex-presidente do Banco Central e um dos “pais” do Real, Arida disse também que os programas de transferência de renda têm deficiências, mas precisam ser mantidos. “Nós temos de cuidar dos mais pobres. O Auxílio Brasil, com esse volume de dinheiro, pode ser melhor focado, é evidente. Mas é um passo importante. Temos de cuidar dos mais pobres e eliminar a pobreza absoluta no Brasil”, afirmou.

Persio Arida faz parte da equipe de transição para o governo Lula Foto: Rafael Arbex/Estadão

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Apesar da importância de programas assistenciais no curto prazo, o economista destacou que uma solução de médio e longo prazo para as desigualdades do País passa por investimentos na educação pública para gerar igualdade de oportunidades. “É o caminho de longo prazo para resolver os problemas de desigualdade”, afirmou.

Em relação à “licença para gastar” do novo governo, o economista disse considerar o termo “waiver” ruim para descrever a situação para o ano que vem. Ele frisou que os gastos que podem crescer são permanentes, e não temporários. “É até um termo meio equivocado, porque muito do que se está falando são aumentos de gastos permanentes, e não temporários”, disse Arida, que também não quis arriscar a traçar cenários para a situação fiscal.

Questão ambiental

Para Arida, o fim do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) renova a esperança de uma boa agenda ambiental no País, que poderá liderar o mundo rumo à sustentabilidade ambiental. “Parece um pouco de ufanismo da minha parte falar que o Brasil tem potencial para liderar o mundo, mas realmente tem. Como exemplo, eu consigo ver o Brasil sendo o País com energia mais limpa do mundo num horizonte relativamente curto”, afirmou.

Em sua visão, o avanço da agenda ambiental no País ajudaria na atração de fluxo de capitais estrangeiros, devido ao peso que a agenda ESG ganhou para alguns investidores internacionais. Ele acrescentou que o Brasil é um dos emergentes com maior potencial de atração de capitais. Arida disse ainda considerar “muito positiva” a possibilidade de entrada do País na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), um processo que começou a ser conduzido pelo governo Bolsonaro.

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De acordo com o economista, a restrição da entidade a políticas protecionistas poderia ajudar na abertura da economia. Sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia, Arida disse considerar que a medida já nasce velha e está aquém das necessidades do Brasil, mas vai na direção de abrir a economia do País. “Nessa altura, é melhor fazer o acordo com a União Europeia e se possível entrar na OCDE do que tentar renegociar o acordo”, disse.

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