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Quem tem de decidir sobre dividendos é Petrobras, mas tema está bem encaminhado, diz Haddad

Ministro da Fazenda ainda evitou comentar possível troca no comando da petroleira estatal

Foto do author Giordanna Neves
Foto do author Amanda Pupo
Por Giordanna Neves (Broadcast) e Amanda Pupo (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 8, que cabe à Petrobras a decisão de distribuir ou não os dividendos extraordinários aos acionistas. Haddad ponderou, no entanto, que o tema está bem encaminhado e que a empresa está “robusta”. Os dados sobre o caixa da estatal têm sido levados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo ele.

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“Temos levado muitas informações para o presidente sobre a situação do caixa da Petrobras para que ele (Lula) possa ter tranquilidade de que plano de investimento não vai ser prejudicado pelo financeiro”, disse. Haddad afirmou que essas informações vão dar segurança para que a diretoria da Petrobras possa tomar uma decisão sobre os dividendos.

Na reunião de março, o conselho da estatal decidiu pela retenção dos dividendos extraordinários, deixando evidentes as divergências dentro da gestão petista. Enquanto os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil) opinaram, à época, por não fazer a distribuição, Prates defendeu o pagamento de 50%. Em meio à crescente tensão, Prates agora aguarda uma decisão de Lula sobre sua permanência ou saída do cargo – a expectativa é de um desfecho nos próximos dias.

De acordo com o ministro, os números da empresa estão consistentes e há capacidade para realizar um plano de investimento eficiente. Ele repetiu que a estatal estava sendo “dilapidada”, em referência implícita à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e disse que é um desafio retomar a agenda de investimentos da companhia.

De acordo com Haddad, os números da empresa estão consistentes e há capacidade para realizar um plano de investimento eficiente. Foto: Diogo Zacarias/MF

Como mostrou o Estadão, no mercado financeiro, a percepção é de que a Petrobras tem mantido resultados sólidos, com lucros expressivos, aumento de investimentos e manutenção da dívida em patamares baixos. Assim, o entendimento entre investidores é de que a decisão de reter os recursos foi estritamente política, já que a empresa teria capacidade de investir, gerar lucro e remunerar os acionistas ao mesmo tempo, em um círculo virtuoso.

Questionado sobre um calendário para definição da distribuição de dividendos, Haddad disse que cabe à empresa, mas relembrou que está prevista uma reunião do Conselho para este mês.

Troca de comando

Haddad ainda evitou comentar sobre uma eventual troca de comando da Petrobras. Haddad disse que o assunto não está na sua alçada e reforçou que não discute esse tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Como mostrou o Estadão/Broadcast, Haddad foi chamado ontem para retornar a Brasília para participar de uma reunião com Lula sobre o futuro da estatal. A expectativa girava em torno da possibilidade de demissão do atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. O chefe do Executivo, no entanto, se irritou com o vazamento e cancelou o encontro.

Até o momento, não há uma decisão se Prates continuará ou não no comando da Petrobras. Interlocutores do governo avaliam que, se Lula de fato decidir demiti-lo, o anúncio seria feito apenas após o fechamento do mercado. O consenso é de que é preciso tomar uma medida em breve para evitar que as ações da empresa continuem em queda.

Desde a semana passada, após os rumores sobre a saída de Prates, passou a se especular em Brasília quem poderia tomar o posto. O nome do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, aparece, até o momento, como o mais cotado.

Não está descartada, no entanto, a possibilidade de manter o atual presidente da Petrobras no cargo e costurar um “meio-termo” para apaziguar os ânimos entre integrantes do governo. Como mostrou o Broadcast/Estadão, um arranjo alternativo seria Mercadante na presidência do conselho da estatal, mediando conflitos entre a diretoria e demais integrantes indicados pelo Poder Executivo, enquanto Prates manteria o cargo, mas com foco na parte operacional da empresa.

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