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Primeira mineradora de ouro na Bolsa brasileira, Aura Minerals tem alta de 175% no lucro

Empresa canadense prevê investimentos de US$ 300 milhões até 2024, sendo a maior parte no Brasil, para dobrar sua produção

Por Mariana Durão
Atualização:

RIO - Primeira mineradora de ouro listada na Bolsa brasileira, a Aura Minerals fechou 2020 com lucro líquido de US$ 68 milhões (R$ 385 milhões), alta anual de 175%. No quarto trimestre, o resultado líquido quase dobrou em relação a 2019, para US$ 58 milhões. Após ter iniciado o ano com interrupções nas operações de San Andres (Honduras) e Aranzazu (México) por causa da pandemia, a companhia se beneficiou de uma combinação de alta produção, preços favoráveis do ouro e forte recuperação nos preços do cobre.

“Dois fatores contribuíram muito para esse resultado. O ouro é visto como um ativo anticíclico, então, em um ano de instabilidade, o preço melhorou, as moedas se desvalorizaram e a Aura teve crescimento de margem e receitas. O segundo ponto foi o crescimento da produção da companhia”, disse o presidente da Aura, Rodrigo Barbosa, ao Estadão/Broadcast.  

Primeira mineradora de ouro listada na Bolsa brasileira, a Aura Minerals fechou 2020 com lucro líquido de US$ 68 milhões (R$ 385 milhões), alta anual de 175%. Foto: Baz Ratner/Reuters

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Próximo das máximas históricas, o ouro acumulou 25% de valorização, atingindo o pico de US$ 2.067 a onça (28,35 gramas). A Aura trabalha com um preço médio acima dos US$ 1.800 a onça para 2021.

As minas já em operação no Brasil (EPP), México (Aranzazu), Honduras (San Andres) e Estados Unidos (Gold Road) atingiram produção recorde de 204 mil onças de ouro equivalente (GEO), alta de 15% ante o ano anterior, com volumes concentrados no segundo semestre. A receita líquida da mineradora subiu 44% no último trimestre de 2020, atingindo recorde, e fechou o acumulado do ano em US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão), uma alta de 30%. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações (Ebitda), somou US$ 119 milhões no ano (dos quais US$ 94 milhões apurados no segundo semestre), um aumento de 122% ante 2019.

Já listada na Bolsa de Toronto, a Aura Minerals colocou no bolso US$ 162 milhões (R$ 790 milhões) com uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa brasileira no ano passado. Como uma empresa estrangeira, a empresa listou na B3 os chamados BDRs (recibos de ações listadas fora do País). 

Barbosa destaca que a operação se somou à forte geração de caixa da companhia, que terminou o ano com US$ 118 milhões em caixa e endividamento líquido negativo de US$ 48 milhões - isto é, com caixa superior à dívida nesse montante.

Até o fim de março o Conselho de Administração vai deliberar sobre o pagamento de dividendos, cujo mínimo é estimado na casa de US$ 18 milhões. De acordo com o CEO da Aura, a companhia tem hoje recursos suficientes para dar sequência a todos os projetos de expansão da sua carteira sem ter de recorrer a novas captações no mercado. “Estamos cumprindo tudo com que nos comprometemos no IPO”, afirma.

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Embora admita preocupação com a piora na evolução da pandemia da covid-19 no Brasil nas últimas semanas, Barbosa vê um panorama muito favorável para 2021. A Aura projeta alcançar produção de 250 mil a 290 mil onças de ouro equivalente no ano, uma alta de 25% a 40% ante 2020. Ao mesmo tempo, continua reduzindo custos de produção, que foram a US$ 809 por onça na média do ano passado, uma queda de 7%. Neste ano a previsão é de nova redução no indicador, de cerca de 1%.

Empresa quer dobrar de tamanho até 2024

A meta da Aura Minerals é dobrar o tamanho de suas operações até 2024. Para isso, investirá US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão) no período. Dois terços desse montante serão destinados a projetos no Brasil, onde a companhia declarou em outubro produção comercial da mina Ernesto, do complexo EPP, em Mato Grosso. Os projetos Almas, em Tocantins, e Matupá, em Mato Grosso, são as novas apostas do grupo. Com orçamento de cerca de US$ 70 milhões cada, eles devem entrar em operação em 2022 e 2023, respectivamente.

A expectativa é que quando Almas e Matupá estiverem em pleno funcionamento, a produção alcance 50 mil onças por ano em cada mina. A expectativa é que em 2024 a participação do Brasil na produção saia de cerca de 30% para 50%. Barbosa afirma que o foco é no crescimento orgânico, mas operações de fusões e aquisições também estão no radar.

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Após alcançar produção recorde de 26,3 mil onças no quarto trimestre de 2020, metade originada da mina Ernesto, a Aura dará prosseguimento à abertura de cava Ernesto no primeiro semestre de 2021. Depois disso, a mina deve alcançar maiores teores no quarto trimestre e em 2022. A Aura também espera declarar a produção comercial da mina de Nosde, também no complexo, até o início de 2021.

Após três anos de investimentos geológicos para a expansão da vida útil das minas, em 2020 a Aura alcançou resultados considerados interessantes na sondagem do alvo Bananal e na campanha de exploração ao redor das minas em operação de EPP. Os resultados serão disponibilizados no final do mês de março de 2021, mas a companhia adianta que são “encorajadores”.

“A vida útil da nossa mina é menor que a média de mercado. Estamos trabalhando para mostrar que na foto estamos atrás em relação ao mercado, mas já melhoramos e temos condições de aumentar muito mais”, diz Barbosa. Para 2021, a empresa aprovou investimento recorde de US$ 29 milhões em geologia.

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