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Proposta de novo arcabouço no Brasil é ambiciosa e atende a necessidades sociais, diz diretor do FMI

Nigel Chalk afirmou estar ‘impressionado’ com o ajuste fiscal proposto pelo governo Lula para o médio prazo

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast) e Matheus Andrade
Atualização:

WASHINGTON - O diretor-adjunto do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI) e chefe de missão para os Estados Unidos, Nigel Chalk, afirmou que a proposta de um novo arcabouço fiscal brasileiro é positiva no médio prazo e traz metas ambiciosas para o orçamento do governo brasileiro. Além disso, as regras, que ainda dependem de aprovação, também endereçam necessidades sociais, o que é importante, na sua visão.

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“É bom que os brasileiros estejam pensando em uma estrutura fiscal, uma estrutura institucional para a política fiscal... Estamos bem impressionados com o ajuste fiscal proposto para o médio prazo, no sentido de aumentar o resultado primário”, avaliou Chalk, em coletiva de imprensa, nesta tarde. “Isso permitirá um bom equilíbrio”, acrescentou.

Embora “ambicioso”, o novo arcabouço considera as necessidades sociais do País, conforme ele. “Acho muito importante equilibrar essas duas coisas”, avaliou.

Chalk reconheceu ainda um esforço do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em revisitar a estrutura fiscal e institucional. No entanto, ponderou que os temas ainda estão em evolução e que o FMI está analisando o tema antes de promover uma mudança em suas projeções.

Ao divulgar novas projeções essa semana e que não consideram o novo arcabouço fiscal, o Fundo projetou que o Brasil volte a apresentar déficit primário neste ano, de 2,0%, após dois anos de contas no azul. A dívida total brasileira como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) também retomará uma trajetória ascendente, batendo 88,4% neste exercício. Em 2022, o indicador ficou em 85,9%. No patamar estimado pelo FMI, o Brasil só perde para o Egito e a Ucrânia, que sofre as consequências a guerra, e supera países como Argentina e Índia.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apostam no arcabouço fiscal como meio de reduzir inflação e juros Foto: Sergio Lima / AFP

“As ideias ainda estão evoluindo por lá. Vimos algumas propostas, estamos analisando-as”, reforçou Chalk. Segundo ele, o FMI está contato com o governo brasileiro e deve fazer uma visita ao País no próximo mês, quando espera ter mais informações sobre o novo arcabouço brasileiro.

Chalk reforçou ainda o alerta do FMI para que os juros no Hemisfério Ocidental permaneçam elevados neste ano e em partes do próximo como uma forma de combater a inflação e evitar que ela fique enraizada nas economias. “Isso orientará a inflação de volta para a meta até o fim de 2024 ou início de 2025″, avaliou.

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