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Condomínios se adaptam aos animais de estimação com espaço de lazer e até para banho

Presentes em metade dos lares brasileiros, os bichos de estimação motivam a criação de novos espaços nas áreas comuns dos condomínios; especialista dá dicas para evitar problemas com vizinhos

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Por Bianca Zanatta e O Estado de S.Paulo
Atualização:

Especial para o Estadão

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Os animais de estimação - ou pets - já são membros da família em metade dos lares brasileiros. De acordo com a pesquisa Radar Pet 2021, realizada pela Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), o número de pets aumentou 30% durante o isolamento social, totalizando cerca de 150 milhões de animais.

Essa realidade se reflete também nos condomínios e em novos empreendimentos imobiliários, que surgem com espaços para banho e áreas de lazer, para favorecer o convívio e os cuidados com a turma de quatro patas. "Segundo meu último levantamento, de outubro, nós temos 102 pets, sendo 82 cães e o restante gatos. Agora já deve ter um pouco mais", afirma a advogada e professora universitária Maria Regina Machado, síndica de um condomínio com 300 moradores no Campo Belo, bairro nobre da zona sul de São Paulo.

Larissa Scattolini e Otávio: 'Eu sabia que um bichinho poderia me fazer bem'. Foto: Alex Silva/Estadão - 22/12/2021

Para facilitar a vida de quem tem um bichinho, ela adotou algumas medidas, como eliminar a necessidade de ela mesma autorizar a presença dos animais de estimação nos apartamentos. "No aplicativo da (administradora) Graiche tem uma área para cadastro dos pets. Solicitei aos condôminos que fizessem o cadastro e, a partir desse momento, o pet já fica automaticamente autorizado por mim e pelo corpo diretivo a residir no condomínio", diz.

A síndica também resolveu dedicar um espaço das áreas comuns ao lazer dos animais. "A ideia de criar um jardim pet surgiu de alguns condôminos que tinham necessidade de um lugar dentro do condomínio, ainda que fosse pequeno, para que pudessem descer com segurança a qualquer hora do dia para um rápido passeio, uma brincadeira de bolinha", diz.

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Como havia no prédio uma área de 80 metros quadrados sem destinação pela convenção, ela fala que inicialmente foi feito um permissivo para que o espaço fosse utilizado pelos pets para ver a aceitação dos moradores. "Nós colocamos bancos e uns hidrantes vermelhinhos. E tem três pés de jabuticaba. É um lugar bem aconchegante. A aceitação foi muito boa, então referendamos isso em assembleia e estipulamos regras", afirma. "Colocamos também uma cesta com bolinhas para brincadeiras e uma parte de piso drenante, que é de fácil higiene."

O espaço pode ser frequentado por cães de pequeno e médio porte, que devem usar coleira e guia e sempre estar acompanhados do proprietário ou de uma pessoa maior de idade. Na porta de entrada e dentro do jardim foram disponibilizados ainda saquinhos, lixeiras e placas orientando os donos a recolher eventuais sujeiras deixadas pelos pets. A área fica aberta das 6h às 22h, tem câmeras e um holofote com fotocélula para aumentar a luminosidade à medida que a noite se aproxima.

"Como um terço das unidades tem uma planta de 54 m² e outro terço de 74m², temos muitas pessoas que moram sozinhas com seus pets", diz Maria Regina. "Essas pessoas trabalham, passam o dia nos escritórios e quando chegam está lá o pet pequenininho, dentro de casa, ansioso. A pessoa às vezes só quer descer com uma roupa à vontade, não quer ir para a rua. Ela desce para o jardim pet, passeia, brinca, o pet corre, e aí eles voltam para o apartamento tranquilos."

De olho nos vizinhos

Além de respeitar as regras de convívio nas áreas comuns, os donos de pets também precisam ficar atentos para que o dia a dia dos bichinhos dentro do apartamento não incomode a vizinhança.

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"É bem comum os síndicos terem que lidar com os dois lados - os moradores que não têm pet e reclamam ou do barulho ou de alguma outra questão que envolva os animais e os moradores para quem os pets já fazem parte da família", diz Luciana Graiche, vice-presidente do Grupo Graiche.

'Bola pega petisco' e canais para animais ajudam a entreter os pets que ficam o dia todo sozinhos, diz Luciana Graiche. Foto: Alessandro Couto - 23/10/2018

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Com limites e regras definidos em assembleia, quem pisar na bola está sujeito a penalidades. Luciana fala que o síndico pode tomar as medidas pertinentes, como dar advertência ou multa, quando o animal causar incômodo de qualquer ordem (sossego, salubridade e segurança), desde que a infração seja devidamente comprovada - e uma primeira conversa amigável, claro, não resolva a questão.

"Para a pessoa que recebeu uma reclamação, o ideal é que ela reflita e analise antes de tudo. Pode ser o caso do cachorro ou gato realmente estar incomodando. Converse com seus vizinhos, se desculpe e pense na solução para o problema", ela alerta.

Se o gato estiver com unhas grandes e arranhando o piso, a sugestão é aparar as unhas ou colocar tapetes e carpetes para minimizar os ruídos. Já no caso de animais que passam o dia sozinhos, o dono deve procurar meios de entretê-los, como deixar brinquedos espalhados pela casa. "Por exemplo, um bem interativo é a 'bola pega petisco'. Existe também um canal específico para animais, o Canal Dog na TV por assinatura, com uma programação própria para entretenimento dos cachorros, que pode ajudar", diz a executiva.

Rotina disciplinada

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A engenheira Larissa Scattolini, 37 anos, tinha passado por momentos difíceis na vida pessoal quando decidiu adotar seu primeiro pet - o Otávio, um cachorrinho bagunceiro de pêlo marrom e olhos claros. "Foi amor à primeira vista. E eu sabia que um bichinho poderia me fazer bem", diz. "Me ajudou a ter rotina, regras, horários. O Otávio me botou na linha."

Botar o Otávio na linha, no entanto, está exigindo um bom empenho por parte da dona. Os dois estão aprendendo juntos, segundo ela, que chegou a receber uma notificação por deixá-lo brincando solto em uma área comum do prédio onde vive, em São Paulo. "Não tem uma área específica para os pets, então temos pedido para o síndico replanejar porque pelo menos 50% dos moradores têm algum bicho", ela afirma.

Para que o cãozinho possa gastar energia e ter um convívio social mais tranquilo com pessoas e outros animais, ela o leva a uma escola especializada duas vezes por semana e contratou um adestrador. A engenheira busca ainda incluí-lo em quase todas suas atividades, optando por parques, bares e restaurantes "pet friendly" sempre que possível. "Quando ele fica sozinho, fecho a porta do quarto e o deixo solto no resto da casa com brinquedos e petiscos, aí ele vai brincando e se entretendo", afirma.

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