Considerando as taxas cobradas no cartão no período de 3 a 9 de novembro, a média entre os 50 bancos pesquisados pelo BC cai para algo bem próximo de 289,6% ao ano ou 12% ao mês.
E o consumidor pode estar pagando menos que isso, já que em quatro dos cinco maiores bancos do País a taxa do cartão está próxima de 213% ao ano ou 10% ao mês.
Juro do rotativo (*)
Banco Juro ao ano Juro ao mês
BB 216% 10,07%
Itaú 218% 10,11%
Santander 231% 10,48%
Caixa 249% 10,98%
Bradesco 695% 18,86%
(*) Média entre os rotativos
Esse juro do cartão que vai acima, divulgado pelo BC, corresponde à média das taxas do rotativo regular, em que o consumidor paga o mínimo exigido por lei, ou 15% do total da fatura, e do rotativo não regular, em que não há nem o pagamento dessa parcela mínima.
Lembrando que nos dois tipos de financiamento, regular e não regular, a taxa pode ser cobrada por um mês. No fim desse período, ou o consumidor liquida o total da fatura ou negocia a dívida com o banco em outras condições, com número fixo de parcelas e juros.
Abrindo um pouco mais as informações do BC, é possível perceber que no rotativo regular as taxas estão em nível ainda mais baixo. Veja que em dois dos maiores bancos, elas são inferiores a 10% ao mês.
Rotativo regular
Banco Juro ao ano Juro ao mês
BB 183% 9,06%
Santander 199% 9,55%
Itaú 214% 10,01%
Bradesco 215% 10,04%
Caixa 244% 10,83%
Se é assim, se as taxas estão mais baixas no regular, o que puxa a média do juro do cartão é o que está sendo cobrado no rotativo não regular, especialmente por Bradesco, 783% ao ano, e Santander, 652% ao ano.
Os juros mais altos, nesse caso, criam uma dificuldade adicional porque estão sendo repassados a quem não já não tem condições sequer de pagar a parcela mínima do saldo devedor. O consumidor tem a dívida aumentada de forma expressiva antes da renegociação. De um mês para outro, ela fica quase 20% maior no Bradesco e 18% no Santander.
Na Caixa, essa taxa do não regular está em 251% ao ano; no Banco do Brasil, 247% ao ano, e no Itaú, 218% ao ano.
Novo cenário
Com a queda dos juros no cartão, o cheque especial assume a liderança da linha de crédito com as taxas mais salgadas do mercado. Mesmo com os repetidos cortes da taxa básica da economia neste ano, o juro do cheque especial, faça chuva ou faça sol, é mantido pelos grandes bancos na casa dos 12% ao mês. Com pequenos ajustes decimais, é esse o nível desde o início de 2017. A exceção é o Santander, com um juro de quase 15% ao mês.
Cheque especial (*)
Banco Juro ao ano Juro ao mês
Caixa 306% 12,38%
BB 308% 12,44%
Bradesco 309% 12,45%
Itaú 312% 12,53%
Santander 423% 14,79%
(*) Período de 3 a 9 de novembro, fonte Banco Central
Tire proveito
Todos esses números podem ser muito úteis para quem se preocupa com uma administração mais eficiente do orçamento.
Quem não tem condições de pagar o valor total da fatura do cartão não deve ter dúvidas de levantar outro tipo de financiamento, com juros mais baixos. O crédito consignado, por exemplo, tem uma taxa de 2% a 3% ao mês para aposentados, servidor público e quem recebe o salário com crédito em conta corrente.
Há várias financeiras que oferecem crédito pessoal pela internet. Por trabalhar com custos mais baixos, essas instituições costumam cobrar taxas médias entre 3% e 4% ao mês em transações online. Nos grandes bancos, os juros nessa mesma linha de empréstimos oscilam de 4% a 6% ao mês. Opções bem mais camaradas do que as do rotativo ou cheque especial.
Por isso, a mesma providência pode ser tomada por quem avança com frequência no limite especial da conta corrente. Especialmente agora que se tornou uma modalidade de crédito até mais cara que o rotativo do cartão.