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Restrição cambial na Argentina afeta religiosos que viajam para ver o Papa

Grupos denunciam que os mais de 42 mil peregrinos que viajarão ao Brasil não conseguem comprar dólares nem reais

Por Marina Guimarães e correspondente da Agência Estado
Atualização:

BUENOS AIRES - Os peregrinos argentinos que vão participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro, não conseguem comprar dólares nem reais para a viagem. Grupos católicos denunciam que a Administração Federal de Rendas Públicas (Afip), equivalente à Receita Federal, não está autorizando a venda de divisas para os mais de 42 mil jovens que viajarão ao Brasil.

Para reduzir a fuga de divisas e a queda das reservas, o governo vem aplicando medidas de restrições ao câmbio. No ano passado, a partir de março de 2012, a aquisição de divisas estava permitida somente para o turismo, algumas importações e casos específicos solicitados ao Banco Central e à Afip. Porém, depois do verão de 2013, as restrições aumentaram para o turismo, inclusive para os saques e gastos com cartões no exterior.Com o Papa Francisco, que é argentino e ex-cardeal de Buenos Aires, a Jornada ganhou interesse especial por parte dos fiéis católicos do país. O maior grupo de peregrinos vai viajar nesta sexta e, até o momento, não conseguiu comprar reais para pagar os gastos com comida e alojamento. O caso foi denunciado por diversas organizações católicas e grupos paroquiais."Preenchi corretamente o formulário exigido pela Afip para solicitar autorização para a compra de dólares e me negaram várias vezes, até um valor mínimo de 1000 pesos, que dariam somente US$ 183", reclamou Florencia Papagni, em entrevista à emissora de TV TN. O câmbio oficial é cotado a 5,39 pesos (compra) e 5,45 pesos (venda)Papagni disse que a Afip alegou que ela não pôde comprovar recursos suficientes para a compra. Porém, ela informou que tem salário e toda sua renda foi comprovada. A Agência de Informação Católica Argentina (AICA) informou que a maioria dos fiéis não recebeu autorização para a compra de divisas, apesar de o governo ter declarado a JMJ "de interesse público".Segundo informou a Pastoral, a declaração tinha o objetivo de facilitar as operações de câmbio para os peregrinos, conforme negociações entre as autoridades da Afip e o núncio apostólico na Argentina, monsenhor Emil Paul Tscherrig, e o delegado da Pastoral da Juventude, monsenhor Raúl Martín. Porém, a medida não chegou a ser publicada e as compras legais de dólares foram permitidas para apenas algumas arquidioceses. A maioria dos fiéis está recorrendo ao mercado paralelo, onde o dólar custa muito mais caro e é operado sob severa vigilância oficial. Hoje a moeda nessas casas era cotada a 8,66 (compra) e 8,75 (venda).A Casa Rosada ainda não confirmou oficialmente, mas fontes oficiais já indicaram que Cristina Kirchner aceitou o convite da presidente Dilma Rousseff para participar das solenidades e missas durante a visita do Papa Francisco ao Rio.

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