A varejista chinesa Shein tem planos de inaugurar cinco lojas no formato pop-up - ou seja, temporárias - no Brasil no ano que vem. As cidades nas quais as lojas serão abertas não foram confirmadas pela empresa de e-commerce, nem as datas de inauguração ou por quanto tempo as lojas permanecerão abertas.
No último mês de novembro, a Shein abriu uma loja temporária no Shopping Vila Olímpia, em São Paulo, que foi a primeira no País a realizar vendas físicas, fora do aplicativo da marca. A inauguração da loja teve tumulto, com clientes que esperavam para conhecer a unidade se estapeando por causa da desorganização das longas filas que se formaram. Na estreia, o estabelecimento teve que encerrar o expediente da loja temporária mais cedo, às 17h30.
Após o episódio, a loja decidiu distribuir senhas, com limite de 500, estabelecer um limite de tempo de 20 minutos de permanência na unidade e ainda restringir o número de peças por cliente dentro do provador. Com 265 metros quadrados, a unidade temporária da Shein era voltada ao público jovem, com ambientes pensados para que os clientes tirassem fotos para as redes sociais. A loja ficou aberta por apenas cinco dias.
Outra iniciativa do tipo no País ocorreu em março deste ano, com a abertura de uma loja pop-up no Village Mall, na cidade do Rio de Janeiro. No entanto, a loja não tinha vendas físicas.
Negócios em alta
Ao receber um aporte de US$ 1 bilhão em abril deste ano, a Shein foi avaliada em US$ 100 bilhões (R$ 520 bilhões), sendo a terceira startup mais valiosa do mundo. À frente dela, estão as empresas de tecnologia Bytedance (dona do aplicativo TikTok), avaliada em US$ 140 bilhões, e a fabricante de foguetes SpaceX, de US$ 127 bilhões.
A empresa faturou US$ 16 bilhões no primeiro semestre e deve terminar 2022 com US$ 30 bilhões
A Shein foi fundada em 2008 por Chris Xu e, desde então, atua no comércio eletrônico de roupas. Sua estratégia consiste em uma plataforma tecnológica de gestão de produtos e de lojistas, vendendo em seu site versões mais baratas de roupas que estão na moda. A empresa é a maior loja online de moda do mundo.
Com popularidade crescente no Brasil, o aplicativo da Shein foi o mais baixado no ano passado no setor de moda, com 23,8 milhões de downloads no País, três vezes mais que seu concorrente mais próximo, a Lojas Renner.
A Shein afirma estar investindo no País como um mercado estratégico na América Latina. De acordo com dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, o setor deve encerrar o ano com faturamento de R$169,6 bilhões, o que representa um crescimento de mais de R$ 18 bilhões em relação a 2021.
A adoção das compras no comércio eletrônico entre os consumidores brasileiros atraiu a atenção de empresas asiáticas, que passaram a disputar território com as brasileiras. Além da Shein, a Shopee também ampliou seus esforços de expansão no País, com promoções em datas como o Dia do Solteiro e frete gratuito para produtos selecionados.
Na mira
O crescimento da Shein nos últimos anos, acompanhado pela estratégia de vender produtos com preços baixos, despertou suspeitas de entidades sobre violações de direitos humanos, com acusações de condições de trabalho análogas à escravidão.
Em dezembro do ano passado, funcionários em seis locais em Guangzhou, na China, trabalhavam 75 horas por semana, de acordo com relatório emitido pelo grupo de defesa suíço Public Eye. Uma reportagem da agência Reuters também denunciou que a Shein violava uma lei antiescravagista na Austrália. A companhia afirma que as suas fábricas são certificadas pela Organização Internacional de Normalização (ISO) e SA8000 (norma internacional de responsabilidade social).
Globalmente, a Shein alcança consumidores em mais de 190 países, sendo os Estados Unidos o seu maior mercado. A empresa faturou US$ 16 bilhões no primeiro semestre e deve terminar 2022 com US$ 30 bilhões.