PUBLICIDADE

Publicidade

Sob pressão, governo lançará pacote de crédito agrícola

O acerto negociado com o Ministério da Economia foi de uma liberação de mais R$ 868 milhões para subsidiar linhas de financiamento do atual Plano Safra

Foto do author Adriana Fernandes
Foto do author Daniel  Weterman
Por Adriana Fernandes e Daniel Weterman
Atualização:

Brasília - No cenário de alta dos preços de alimentos com a guerra na Ucrânia, o governo vai aumentar o espaço no Orçamento para os subsídios destinados às operações de crédito agrícola. É uma tentativa de evitar problemas no plantio da safra que possam reduzir a produção nacional e ampliar os riscos de inflação.

PUBLICIDADE

O acerto negociado com o Ministério da Economia foi de uma liberação de mais R$ 868 milhões para subsidiar linhas de financiamento do atual Plano Safra. Também será liberado um crédito extraordinário de R$ 1,2 bilhão para os agricultores dos Estados afetados pela seca no sul do País conseguirem pagar as parcelas dos empréstimos. Além do Rio Grande do Sul, do Paraná e de Santa Catarina, os produtores de Mato Grosso do Sul também serão atendidos pela medida. Sem essa ajuda, os agricultores alegam que teriam dificuldade para tomar novos créditos para o plantio da safra seguinte.

O pacote emergencial de socorro agrícola foi negociado pelo ministro Paulo Guedes na semana passada, na véspera da votação dos projetos que alteram a forma de cobrança do ICMS sobre os combustíveis. O movimento de Guedes foi interpretado por parlamentares do agronegócio como uma pressão para a aprovação dos projetos para conter a alta dos combustíveis, segundo fontes do Congresso.

A expectativa é de que as medidas do pacote agrícola sejam anunciadas nos próximos dias.

Pacote emergencial de socorro agrícola foi negociado pelo ministro Paulo Guedes na semana passada, na véspera da votação dos projetos que alteram a cobrança do ICMS sobre combustíveis Foto: Joédson Alves/EFE

Recursos para o Plano Safra mínguam com alta dos juros

O governo já tinha conseguido abrir espaço no Orçamento para adicionar R$ 600 milhões ao subsídio da linha do Plano Safra voltada aos pequenos produtos, via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). E, agora, busca o espaço no Orçamento (com corte de verbas em outras áreas) para os remanejo de mais R$ 868 milhões para as demais linhas do Plano Safra travadas.

As dificuldades para o Plano Safra apareceram porque o Orçamento se mostrou insuficiente para subsidiar as linhas de crédito diante dos juros mais altos. A área econômica foi obrigada a fechar as torneiras. Em fevereiro, o Tesouro encaminhou um ofício aos bancos suspendendo essas operações. A escassez de recursos para subsidiar o Plano Safra segue sendo um ponto de atrito com a bancada ruralista no Congresso. O valor da demanda dos agricultores chega a R$ 4 bilhões. A equipe econômica, no entanto, aponta restrições orçamentárias e diz que será preciso garantir os recursos de forma gradual.

Publicidade

Senadores discutiram a possibilidade de destinar mais R$ 1,3 bilhão das emendas do chamado orçamento secreto para o segmento. Essas verbas, porém, são tratadas como “blindadas” pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).

Técnicos do Congresso chegaram a sugerir ao governo que editasse um crédito extraordinário também para aumentar os recursos do Plano Safra, e não apenas para o socorro emergencial. De um lado, o argumento de consultores é de que a inclusão da verba em um projeto de lei poderia levar um tempo maior para ser aprovada. De outro lado, parlamentares pressionam o governo a tomar medidas urgentes para demonstrar que realmente quer resolver o problema do financiamento agrícola. O assunto foi discutido entre a bancada ruralista e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

Seca

Já o crédito extra de R$ 1,2 bilhão para as áreas afetadas pelo clima não entra no teto de gastos. A justificativa para a edição do crédito extraordinário, voltado para despesas urgentes e imprevisíveis, será a necessidade de garantir a segurança alimentar do País.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.