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Tarcísio vai procurar Bolsonaro para convencê-lo a mudar de ideia sobre a reforma tributária

Bancada do PL, partido do ex-presidente, tem 99 deputados; segundo interlocutores, governador de SP está empenhado na aprovação da reforma

Foto do author Adriana Fernandes
Foto do author Mariana Carneiro
Por Adriana Fernandes e Mariana Carneiro
Atualização:

BRASÍLIA – O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai procurar o ex-presidente Jair Bolsonaro para tentar convencê-lo a mudar de ideia sobre a reforma tributária. O ex-presidente tem sido a principal voz contrária à reforma e orientou que seus aliados no PL se oponham à mudança nos impostos. A bancada do PL tem 99 votos, a maior da Câmara.

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A ofensiva de Tarcísio pró-reforma ocorre após o governador ter se reunido com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) nesta quarta-feira, 5, para negociar pontos que emperram o apoio de São Paulo à reforma. Segundo relatos, ambos se comprometeram em negociar um texto de acordo ainda hoje que libere o tema para votação na Câmara até sexta-feira, 7.

A conversa do governador com Bolsonaro deve ocorrer nesta quinta, 6, quando as principais lideranças do PL se reunirão para falar da reforma e também do cenário eleitoral.

Tarcísio tem dito a diferentes interlocutores, nos últimos dias, ser favorável à reforma e que é preciso fazer ajustes no texto para que a proposta tenha o apoio de São Paulo.

Nesta quarta, ele conversou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com o cacique do PL, Valdemar Costa Neto, e deve se reunir ainda com parlamentares do Republicanos, seu partido, para sublinhar a mesma mensagem.

Assessores já foram avisados de que Tarcísio pretende ficar até sexta-feira em Brasília para acompanhar a votação, caso seja necessário, numa demonstração de que ele está comprometido com a reforma.

Segundo apurou o Estadão, Tarcísio quer mostrar a Bolsonaro que a reforma foi gestada em seu governo. As PECs 45 e 110, que são a base da atual reforma, datam de 2019, primeiro ano do mandato de Bolsonaro. Por isso, não faria sentido ser contra.

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Tarcísio já disse que enxerga o PL, assim como o Republicanos, como siglas mais pró-mercado – e que, por isso, não podem se opor à reforma, uma vez que a maior parte do setor privado é favorável à mudança tributária.

O apoio de Tarcísio será definitivo para que os parlamentares das duas siglas formem opinião sobre como votar. No Republicanos, a cúpula do partido já disse que se posicionará segundo os comandos de Tarcísio. A bancada tem 41 deputados. No PL, a opinião do governador pode enterrar a ideia cogitada pela ala mais radical de fechar questão contra a reforma, o que levaria a sigla a votar em bloco contra.

Tarcísio tem repetido que não se trata de uma questão partidária e de governo versus oposição, e que os efeitos paulatinos da reforma – cuja transição prevista hoje é de 50 anos – não serão apropriados pelo PT nem por Lula.

A visão dele, assim como de outros políticos de centro-direita, é a de que a pauta é do Congresso e que, por isso, quem mais levará louros será Lira, o que explica em parte a defesa que o presidente da Câmara vem fazendo da reforma.

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