Publicidade

Um presente de casamento que fez diferença

Mudas de cabernet sauvignon levaram Heloise Merolli a transformar uma fazenda em vinícola

Foto do author Fernando Scheller
Por Fernando Scheller
Atualização:

Com dois filhos pequenos, a empresária Heloise Merolli ficou viúva em 2003. Entre os bens que herdou estava uma fazenda no município de Campo Largo (a cerca de 30 km de Curitiba) que produzia gado leiteiro. Em 2006, quando assumiu a administração da fazenda, descobriu que “a situação financeira e jurídica da propriedade era catastrófica”. Para acabar não perdendo as terras, decidiu trocar de atividade e investir em uma paixão: os vinhos.

Heloise quer oferecer cursos e workshops Foto: Denis Ferreira Netto/ESTADAO

PUBLICIDADE

A inspiração para mudança tão radical, contou Heloise ao Estadão, foi justamente um presente que havia ganhado ao se casar, nos anos 1990: 200 mudas de uva cabernet sauvignon que haviam sido importadas da França e que, depois de plantadas em Campo Largo, revelaram-se um sucesso. “Foi uma grande aposta que fizemos. A região de Campo Largo teve uma tradição de fabricação de vinhos de mesa nos anos 1950 e 1960, até que uma praga agrícola dizimou a produção em um determinado ano.”

Durante seis anos, enquanto fazia a transição para os vinhedos, a empresária manteve a produção de leite em paralelo. “Nossa primeira elaboração foi de espumantes, em 2008, com 900 garrafas que foram distribuídas para família e amigos”, conta. Para levar a produção para uma escala comercial, ela contratou uma consultoria do Rio Grande do Sul e transformou, com uma grande reforma, as áreas de produção leiteira em uma indústria de vinhos.

A Vinícola Legado produz hoje entre 10 mil e 15 mil garrafas por ano. A empreendedora não acredita que vá se tornar uma grande vinícola um dia, mas descobriu que o enoturismo pode, sim, se tornar um negócio relevante. Desde 2015, ela promove eventos na época de colheita da uva – os visitantes chegam a ajudar no trabalho – e piqueniques e degustações ao redor da propriedade.

Agora, a Legado está reformando a casa sede da fazenda, para criar um centro de visitantes que deve ser inaugurado no fim deste mês, com salas para degustação, cursos e workshops sobre a bebida. “Para o futuro, temos planos de um espaço para eventos e um restaurante”, conta. 

E por que apostar no turismo? “Desde o princípio, eu soube que o projeto só poderia ser viável através do turismo. O Brasil tem um sistema tributário que faz com que seja muito mais rentável vender direto ao consumidor do que por meio de terceiros. Por isso, muitas vinícolas brasileiras se estruturam desta forma.” 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.