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USP vai liderar projeto para desenvolver semicondutores no Brasil

Iniciativa busca unir academia, governos e iniciativa privada para atrair investimentos e tornar o País mais competitivo no setor

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Por Cleide Silva
Atualização:

A Universidade de São Paulo (USP) vai liderar o projeto de atrair produção local de semicondutores unindo academia, governos e iniciativa privada. A responsabilidade foi anunciada nesta segunda-feira, 12, em seminário realizado no auditório no centro de inovação InovaUSP. O evento discutiu o tema “Semicondutores e a competitividade da indústria brasileira”, e teve a participação de representantes das três partes envolvidas.

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O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti, disse que a inovação faz parte das prioridades da universidade, assim como vem ocorrendo em outros países, e que, por isso, está assumindo essa responsabilidade, junto com empresas e governos, para ter indústrias de semicondutores no País.

Paralelamente, o coordenador do InovaUSP e professor titular da Escola Politécnica, Marcelo Zuffo, anunciou a adesão da universidade ao programa global ARM Academic Acces (AAA), da empresa inglesa de desenvolvimento de semicondutores ARM, uma das mais relevantes da indústria global do setor. Segundo ele, trata-se de um acordo privilegiado de acesso à propriedade intelectual para fins acadêmicos, de pesquisa e treinamento de projetistas de microprocessadores.

Fábrica Unitec Semicondutores que planejava iniciar em 2017 a fabricação própria de chips em Ribeirão das Neves, Grande Belo Horizonte, Minas Gerais. FOTO WASHINGTON ALVES / ESTADAO  

“Na prática, temos acesso a todo o acervo de tecnologia para projetar e fabricar microprocessadores de alta performance”, informou Zuffo, acrescentando que a USP passa a fazer parte de “um grupo bem seleto e fechado de universidades (menos de uma dezena).”

Nessa parceria, a USP se concentrará em pesquisar e desenvolver todo o processo de fabricação de microprocessadores avançados de Internet das Coisas (IoT), 5G e de baixo consumo de energia. O objetivo, diz o professor, é aumentar o impacto de inovação com acesso acadêmico gratuito ao projeto desses sistemas.

Os microprocessadores são semicondutores com maior valor agregado pelas inúmeras oportunidades de configurações e agregação de valor através de software profundo. A USP tem como objetivo oferecer soluções inovadoras para uma ampla gama de domínios de aplicação e sistemas embarcados, incluindo cidades digitais, indústria 4.0 e meio ambiente não só na América Latina, mas nos ecossistemas globais de semicondutores.

O envolvimento de universidades nesse processo visa o bem estar da população, explica Zuffo. Como exemplo, ele cita que a falta de semicondutores prejudica as indústrias de PCs, de veículos, brinquedos, máquinas e eletroeletrônicos, deixando trabalhadores em casa quando a produção é suspensa ou mesmo impedindo o consumo ou ampliação de fábricas e laboratórios. A própria USP está com dificuldade de adquirir microscópios digitais em razão dessa escassez.

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Em sua apresentação, a secretaria de Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços do Ministério da Economia, Glenda Lustosa, disse que a Medida Provisória que estabelece incentivos à produção nacional de semicondutores, já assinada pelo ministro Paulo Guedes, está agora na Casa Civil e deve ser assinada pelo presidente Jair Bolsonaro nos próximos dias.

Glenda disse que a meta do governo com os incentivos é que o Brasil, futuramente, responda por 5% do faturamento global da indústria de chips, que no ano passado ficou na casa de U$ 600 bilhões e tende a chegar a US$ 1 trilhão possivelmente neste ano.

Leone Andrade, diretor de tecnologia do Senai Cimatece, Mauro Borges Lemos, ex-ministro do Desenvolvimento e o economista Antônio Lacerda, todos participantes de grupos de transição, afirmaram que o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva também deve se comprometer com projetos de inovação e de localização de semicondutores.

Representantes da indústria como o presidente da Abinee (associação da indústria de eletroeletrônicos), Humberto Barbato, e Rogério Nunes, da Abisemi (associação da indústria de semicondutores) e presidente da Smart – que atua na fase final de produção de chips – também disseram que o Brasil tem condições de ter atuação competitiva no segmento, hoje dominado por empresas instaladas na Ásia.

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