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Análise: Reforma no ensino médio não toca em acesso à internet e salário do professor

'Não podemos ter um mar de precariedade com poucas escolas estaduais de excelência para alunos selecionados'

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Por Paulo Carrano
Ensino médio passará por reformulação Foto: PAULO LIEBERT/ESTADÃO

Como o problema do ensino médio é estrutural, não será resolvido com soluções não estruturais. Essa etapa tem uma série de dificuldades, principalmente desde a expansão irregular da década de 1990, em que se recebeu público mais amplo: popular e negro.

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Anteriormente, ensino médio era pensado só para elite. Mudanças são necessárias, mas a flexibilização proposta para um público tão desigual pode fragilizar a formação. O que significa flexibilizar para alunos com histórico de dificuldades de aprendizagem? Além disso, a comunidade do ensino médio está sendo solapada dessa discussão. Não dá para tomar o atalho da medida provisória.

Essa reforma - pelo que se sabe até agora - não toca na adequação de laboratórios, no acesso à internet, no salário do professor ou sua falta de tempo para planejar aulas. Não podemos ter um mar de precariedade com poucas escolas estaduais de excelência para alunos selecionados. 

A ideia aparentemente sedutora de flexibilizar pode levar à formação aligeirada, excessivamente preocupada com necessidades do mundo do trabalho, sem resolver o problema da evasão. O eventual aumento de carga horária na escola precarizada também é pior.

A possibilidade de dividir os conteúdos por eixos - Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza - é interessante. Devemos compreender que os conhecimentos estão conectados em rede. Mas há um caminho anterior a se fazer, de garantir que os professores sejam formados nessa transdisciplinaridade.

PAULO CARRANO É PROFESSOR DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) E COORDENADOR DO OBSERVATÓRIO JOVEM

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