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Escolas particulares veem YouTube como aliado, se houver qualidade

Professores dizem estar abertos para entender o que atrai os estudantes aos vídeos na internet; alguns se arriscam como edutubers

Por Isabela Palhares
Atualização:

SÃO PAULO - Professores de escolas particulares disseram não ver rivalidade entre o trabalho em sala de aula e os vídeos com conteúdo escolar do YouTube. Para os educadores, se o formato consegue atrair o interesse dos jovens pelo conhecimento, ele pode ser um bom aliado desde que haja um acompanhamento e certificação da qualidade do material. 

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"Qualquer ferramenta que desperte o interesse do aluno para o estudo precisa ser ao menos estudada e avaliada pelos educadores. Nós temos que estar abertos ao menos para entender o que os atrai para esse tipo de aula", disse a coordenadora da Esfera Escola Internacional, Renata Leão, em Alphaville, na Grande São Paulo. 

Para o próximo ano, a escola vai começar a ofertar como atividade optativa, aulas de youtuber. A ideia não é apenas que os alunos saibam fazer os próprios vídeos, mas também aprendam a identificar conteúdos confiáveis e certificados, especialmente os que são voltados para o conteúdo escolar.

"Os riscos na internet pegam um espectro muito grande, pode ser que eles aprendam algum conceito errado ou até mesmo que vejam algo ilegal ou inapropriado para a idade. Por isso, temos que estar atentos e ajudá-los a selecionar o que vão assistir." 

Renata disse que os alunos muitas vezes compartilham com os professores os vídeos e canais que têm assistido, o que facilita aos educadores identificar que tipo de conteúdo e formato os atrai.

"Não significa que eles irão copiar, mas vão entender com o que os alunos estão se identificando." 

Qualquer ferramenta que desperte o interesse do aluno para o estudo precisa ser ao menos estudada e avaliada pelos educadores

Renata Leão, coordenadora da Esfera Escola Internacional

Axé Silva, professor de Geografia do Colégio Dante Alighieri, um dos mais tradicionais de São Paulo, dá aulas "analógicas" e também mantém um canal no YouTube voltado para os conteúdos de sua disciplina.

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"É uma ferramenta a mais que pode agregar ao aprendizado desde que bem utilizado", contou. 

Nas aulas presenciais, ele não costuma trabalhar com os próprios vídeos ou de outros youtubers, mas com o que chama de "fontes primárias", como de organizações ou fontes oficiais sobre o assunto. Mas convida os alunos a assistirem a seus vídeos após as aulas.

No canal, ele aborda os temas de sala de aula com a ajuda de convidados. Tem vídeos sobre refugiados, questão agrária, feminismo, etc. 

"Existe uma facilidade para o aluno, que é poder assistir quando e onde quiser. Mas é importante questionar se há regularidade, se o aluno inclui os vídeos em sua rotina. O que eu percebo é que isso não acontece. Eles só assistem em momentos específicos, antes das provas bimestrais ou antes dos vestibulares", disse. "Por isso, não oferece risco à escola. Nunca vai haver essa substituição."

Veja vídeo do canal Café com Axé, do professor Axé Silva:

Eles (estudantes) só assistem em momentos específicos, antes das provas bimestrais ou antes dos vestibulares. Por isso, não oferece risco à escola. Nunca vai haver essa substituição

Axé Silva, professor do Colégio Dante Alighieri e edutuber

Em seu canal, o professor Axé Silva(à esquerda)aborda os temas de sala de aula, como a tragédia de Brumadinho, com a ajuda de convidados Foto: Reprodução
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